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Defesa e militares dizem que Aziz foi leviano ao associá-los a 'falcatrua'

"As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições", disse o Ministério da Defesa - Edilson Rodrigues/Agência Senado
"As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano às Instituições", disse o Ministério da Defesa Imagem: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

07/07/2021 20h06Atualizada em 07/07/2021 21h07

O Ministério da Defesa e as Forças Armadas repudiaram hoje as declarações do presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), sobre as Forças Armadas. Segundo as instituições, atribuir aos militares os supostos esquemas de corrupção envolvendo a compra de vacinas pelo Ministério da Saúde é uma acusação "grave" e, acima de tudo, "irresponsável".

"As Forças Armadas do Brasil, ciosas de se constituírem fator essencial da estabilidade do País, pautam-se pela fiel observância da lei e, acima de tudo, pelo equilíbrio, ponderação e comprometidas, desde o início da pandemia covid-19, em preservar e salvar vidas. As Forças Armadas não aceitarão qualquer ataque leviano", reforçou a Defesa em nota.

Essa narrativa, afastada dos fatos, atinge as Forças Armadas de forma vil e leviana, tratando-se de uma acusação grave, infundada e, sobretudo, irresponsável. A Marinha do Brasil, o Exército Brasileiro e a Força Aérea Brasileira são instituições pertencentes ao povo brasileiro e que gozam de elevada credibilidade junto à nossa sociedade conquistada ao longo dos séculos.
Ministério da Defesa e Forças Armadas

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) também compartilhou a manifestação.

Pouco depois, no plenário do Senado, Omar Aziz classificou o posicionamento das instituições como "muito desproporcional", sugerindo que a nota é também uma forma de intimidação ao Congresso. Ele ainda reforçou seu respeito aos "grandes brasileiros" que fazem parte das Forças Armadas e voltou a criticar os militares que supostamente estão envolvidos em "falcatruas".

"Pode fazer 50 notas contra mim, só não me intimidem", disse o senador. "A nota é desproporcional, presidente [do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG)]. É muito desproporcional. Vossa Excelência, como presidente do Senado, deveria dizer isso no seu discurso. Eu sou um membro desta Casa. Vossa Excelência deveria dizer 'a nota é desproporcional, eu não aceito que intimidem um senador da República'", disse o senador.

Ex-ministro vê 'erro' das Forças Armadas

Ex-ministro da Cultura, presidente nacional do Cidadania, Roberto Freire, criticou o posicionamento do Ministério da Defesa e das Forças Armadas contra Omar Aziz. Para Freire, as instituições deveriam se pronunciar sobre as denúncias de corrupção no Ministério da Saúde, e não sobre a fala de um senador na CPI da Covid.

"As Forças Armadas erram ao emitir nota contra declarações do presidente da CPI, senador Omar Aziz, que não as atingiram na sua honra. Ele criticou, e o Brasil assiste estarrecido a presença de militares envolvidos nas denúncias de corrupção na compra de vacinas. Vale, sim, nota contra tal fato", escreveu o parlamentar em uma rede social.

Mais cedo, durante a sessão da CPI, Omar Aziz havia dito que os "bons" das Forças Armadas deviam estar "muito envergonhados" com alguns dos convocados à comissão, como o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, e o ex-secretário-executivo da pasta, coronel Elcio Franco.

"Olha, eu vou dizer uma coisa: as Forças Armadas, os bons das Forças Armadas devem estar muito envergonhados com algumas pessoas que hoje estão na mídia, porque fazia muito tempo, fazia muitos anos que o Brasil não via membros do lado podre das Forças Armadas envolvidos com falcatrua dentro do governo. Fazia muitos anos", disse o senador.

Não tenho nem notícia disso [corrupção] na época da exceção [ditadura militar] que houve no Brasil (...). E eu estava, naquele momento, do outro lado, contra eles. Uma coisa de que a gente não os acusava era de corrupção, mas, agora, Força Aérea Brasileira, coronel Guerra, coronel Elcio, general Pazuello... E haja envolvimento de militares.
Omar Aziz, na CPI

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.