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Governistas na CPI veem abuso de autoridade e chamam Aziz de 'inquisidor'

Do UOL, em São Paulo

07/07/2021 19h41Atualizada em 07/07/2021 19h55

Senadores governistas criticaram hoje a decisão do presidente da CPI da Covid, Omar Aziz (PSD-AM), de mandar prender o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Ferreira Dias, sob a acusação de mentir à comissão. Para os parlamentares, houve abuso de autoridade por parte de Aziz, que agiu como um "inquisidor geral" — oficial responsável por julgar e punir pessoas acusadas de agir de forma contrária às normas de conduta da Igreja Católica.

"Não existe fato concreto para deter o ex-diretor de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias. O presidente da CPI agiu como um 'inquisidor geral', mandando o réu para a fogueira. Não se pode prejulgar ninguém. Esta é a Casa dos opostos. Temos que ouvir a todos com respeito", escreveu o senador Luis Carlos Heinze (PP-RS) em uma rede social.

A ação de prisão está dentro do circo midiático e exacerba qualquer função legislativa. O relatório está pronto. Não encontro evidências para uma prisão em flagrante. Ao menos respeitem a Legislação!
Luis Carlos Heinze, no Twitter

Já Marcos Rogério (DEM-RO), também alinhado ao governo de Jair Bolsonaro (sem partido), questionou as justificativas para a prisão de Roberto Dias. Durante a sessão de hoje, ele já havia perguntado a Aziz sobre os fundamentos que embasaram a decisão, e o presidente da CPI respondeu: "Perjúrio, desde o início".

"Qual o ato de perjúrio [falso testemunho] que justificou a prisão de Roberto Dias? A CPI decretou a sua prisão em cima do 'está mentindo demais', sem dizer qual foi o fato, sem justificativas concretas. Claro abuso de autoridade!", afirmou.

O senador Eduardo Girão (Podemos-CE), que se diz "independente" — nem governista, nem de oposição —, definiu a decisão de mandar prender Dias como "açodada" (apressada) e "arbitrária". Ele também defendeu a realização de uma acareação para confrontar as versões apresentadas pelo ex-diretor do Ministério da Saúde e outros depoentes.

"Decisões açodadas e arbitrárias são constantes na CPI. Não existe outro caminho para buscar a realidade dos fatos que não seja pela acareação, já que surgiram versões divergentes nos depoimentos. Ocultar fatos não é o caminho, precisamos trazer a verdade à tona!", disse o parlamentar.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.