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Reverendo tentou vender vacina ao governo em agenda oficial, diz ex-diretor

Fábio Castanho e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

07/07/2021 12h02

O ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde Roberto Ferreira Dias disse hoje, em depoimento na CPI da Covid, que recebeu o reverendo Amilton Gomes de Paula em uma agenda oficial para tratar sobre uma oferta para compra de vacinas.

Nesta semana, reportagem do Jornal Nacional, da TV Globo, mostrou mensagens que indicam que Amilton recebeu aval do diretor de Imunização do Ministério da Saúde, Lauricio Monteiro Cruz, para negociar vacinas.

"Lembro de ter recebido [o reverendo] em agenda oficial na minha sala, uma única vez, em um pedido de agenda. A retórica era a mesma: possuía X doses disponíveis e não possuía a carta de representação do fabricante e aquilo acabou ali", disse Roberto Dias.

O ex-diretor, porém, não disse quem fez o pedido da agenda e nem especificou quantas doses de imunizante contra covid-19 foram ofertadas pelo reverendo.

Ele ainda não esclareceu se a oferta era de 400 milhões de vacinas da AstraZeneca, assim como a apresentada pelo suposto representante da Davati, Luiz Dominghetti, que é alvo de investigação na CPI.

Amilton preside a Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), que apesar do que o nome possa levar a entender, é uma instituição privada. Até 2020, a Senah se chamava Senar (Secretaria Nacional de Assuntos Religiosos).

A convocação de Amilton à CPI foi aprovada na manhã de hoje.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.