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PF não pode servir para embaralhar CPI da Covid, critica Simone Tebet

Para senadora, diretora da Precisa não deveria se negar a responder sobre algo que poderia protegê-la - Marcos Oliveira/Agência Senado
Para senadora, diretora da Precisa não deveria se negar a responder sobre algo que poderia protegê-la Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

13/07/2021 15h55Atualizada em 13/07/2021 21h21

A senadora Simone Tebet (MDB-MS) criticou hoje o silêncio de Emanuela Medrades, diretora técnica da Precisa Medicamentos, na CPI da Covid. Para Tebet, Emanuela é "peça-chave" nas negociações com o Ministério da Saúde para compra da vacina Covaxin, cujo contrato levantou suspeitas de irregularidades, e deveria falar à comissão.

Apoiada em uma liminar concedida ontem pelo ministro Luiz Fux, presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Emanuela Medrades se negou a responder às perguntas e irritou senadores, o que levou à suspensão da sessão de hoje. A decisão de Fux, porém, diz respeito apenas aos fatos que poderiam incriminar a diretora da Precisa, e não a livra da obrigação de esclarecer outras questões.

"A decisão em forma de liminar é cristalina como água. Ele [Fux] deixa muito claro que dividiu o papel de Emanuela em dois momentos: naquilo que pode incriminá-la, ela pode permanecer calada. Por outro lado, naquilo que apenas a envolve, e nesse aspecto na função de testemunha, ela é obrigada a dizer a verdade, e não ficar silenciosa", disse Simone Tebet à GloboNews.

Antes do início da sessão, a defesa de Emanuela já havia avisado que ela ficaria em silêncio e chegou a pedir para adiar do depoimento. Os advogados argumentaram que a diretora da Precisa foi ouvida ontem pela Polícia Federal e, por se considerar parte da lista de "investigados" da comissão, teria o direito constitucional de não produzir provas contra si mesma.

O depoimento de Emanuela à PF também foi alvo de críticas de Tebet, que questionou justamente o fato de a oitiva ter acontecido às vésperas do comparecimento da diretora à CPI da Covid. Segundo a senadora, a PF não pode servir de instrumento para "embaralhar" os trabalhos da comissão.

Ela [Emanuela] não tinha por que se negar a uma resposta que, ao contrario de prejudicá-la, poderia só vir a protegê-la. (...) A Polícia Federal é um órgão de fiscalização e controle do Estado, não de governo. Ela não pode servir de instrumento para embaralhar a CPI. (...) [A PF] Tem que ser parceira e colaborativa com a CPI.
Simone Tebet, à GloboNews

Membro da CPI, o senador Humberto Costa (PT-PE) fez coro às críticas da colega sobre o depoimento de Emanuela à PF. Para Costa, que disse não ter se convencido com os argumentos apresentados pela defesa, a oitiva de ontem foi previamente planejada para atrapalhar a sessão de hoje na comissão.

"É uma tentativa de sincronizar os movimentos da CPI com algumas decisões que a PF está tomando em ouvir as pessoas. A mim não convence o argumento do advogado de que [a oitiva à PF] estava marcada desde a semana passada, assim como não nos convenceu a abertura do inquérito às vésperas de [Francisco] Maximiano [sócio-administrador da Precisa] vir aqui", afirmou o parlamentar à CNN Brasil.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.