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Gleisi defende novos candidatos nas eleições: 'Faz bem ao debate político'

Do UOL, em São Paulo, e colaboração para o UOL

16/07/2021 10h43Atualizada em 16/07/2021 12h16

Presidente nacional do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann defendeu hoje que haja uma pluralidade de candidaturas políticas nas eleições presidenciais de 2022. Segundo ela, a movimentação "faz bem para o debate político do país".

Tendo candidato e programa, tem que lançar. Isso faz bem para o debate político do país. É num processo como esse que o eleitorado conhece o que os partidos e lideranças pensam. Saúdo que o PSD lance o Rodrigo [Pacheco], PSDB quem sair da prévia, que o Democratas lance o Mandetta [ex-ministro da Saúde]. Tem que lançar todo mundo. É no projeto de país que as pessoas vão se convencer e escolher quem vai para o 2º turno.
Gleisi Hoffmann

Por outro lado, a presidente do PT fez críticas à construção de uma "terceira via", que seria formada pela união de candidatos opositores a Jair Bolsonaro (sem partido) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

"Para ter candidato, precisa ter liderança preparada e projeto claro para o Brasil. Esse pessoal que está querendo lançar candidaturas [terceira via] tem que lançar projeto para o povo, acho que eles não têm projeto muito claro. Quem fala de terceira via é o mesmo do Bolsonaro, mesma política econômica, reforma, retirada de direitos", disse ela durante participação no UOL Entrevista, conduzido pelo apresentador Diego Sarza e pelo colunista Kennedy Alencar.

Na avaliação de Gleisi, é preciso acabar com o que foi classificado por ela de uma "falsa discussão de polarização extremada". "Uma coisa é polarização política, outra coisa é extremista", defendeu.

"Ao dizer que [a política brasileira] tem extremos, estão querendo colocar o PT e o presidente Lula como extremados. Não é verdade. Somos do campo democrático. Muito diferente de Bolsonaro, que está no campo do fascismo, do extremismo. Não somos polo disso, somos polo da política", afirmou.

Caminhos para 2022

De acordo com a presidente do PT, o partido ainda não deu o pontapé inicial nas discussões sobre quem pode vir a ser o candidato a vice caso o ex-presidente Lula lance efetivamente sua candidatura à Presidência no ano que vem.

"Vamos abrir a discussão de estratégia eleitoral a partir de setembro. Estamos fazendo mapeamento nos estados, as possíveis candidaturas de governo", afirmou.

Questionada sobre uma possível preferência de nomes para compor uma chapa com Lula, a deputada declarou apenas que essa definição virá da política e da construção de alianças. "Não adianta termos gosto ou preferência. Isso vai depender do processo", disse. "Vai depender de quais partidos vamos fazer a coligação, quais lideranças eles têm, se esse vice pode ser construído por setores da sociedade, não só da política. Vai depender da construção da aliança que tivermos capacidade", completou.

Nas próximas semanas, Lula deve fazer uma viagem para visitar seis estados do Nordeste. Segundo Gleisi, no entanto, a viagem não tem "objetivo eleitoral". "É mais uma viagem do presidente para visitar estados, lideranças, governadores. Faz muito tempo que o presidente não faz essa visita", declarou.

'Desestruturação' do Brasil

Na entrevista, Gleisi disse concordar com uma declaração do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ), que em entrevista ao UOL afirmou que a eleição de 2022 será a mais importante da história recente do Brasil. A deputada declarou, ainda, que um eventual segundo mandato de Bolsonaro pode levar a um "ponto de não retorno em várias áreas no país".

"A desestruturação do estado brasileiro é completa", disse ela. "Os mecanismos de fiscalização e controle, a questão ambiental... Olha o que estão fazendo com o Ibama, o que fizeram com o Ministério do Meio Ambiente. Destruíram, desestruturaram. A venda das empresas estatais e públicas do Brasil, a gestão orçamentária que estão fazendo. A desestruturação da politica educacional, principalmente do ensino público superior. É uma tragédia, Bolsonaro é uma tragédia", afirmou a deputada.

Nessa toada, Gleisi defendeu que as forças do campo democrático têm a "grande responsabilidade" de participar do processo eleitoral e também de assegurá-lo. "[É preciso] Impedir que Bolsonaro, nessa sua sandice que fica aí ameaçando, faça qualquer coisa para tumultuar o processo eleitoral", declarou.

Voto impresso

A deputada ainda comemorou uma movimentação da Câmara dos Deputados, que pode rejeitar uma PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que prevê a implementação do voto impresso no país.

A pauta é cara a Bolsonaro e seus aliados —o presidente já chegou a afirmar que só passará a faixa presidencial adiante caso houver o voto impresso, levantando suspeitas infundadas de fraude na urna eletrônica. Vale lembrar que nunca houve fraude comprovada nas eleições com urna eletrônica no Brasil.

"Se tiver o voto impresso, ele vai tumultuar [o processo eleitoral] do mesmo jeito", disse Gleisi. "O voto impresso é a desculpa que ele está utilizando. Ele quer tumultuar por não ter, e [vai] tumultuar se tiver. Não dá para cair nessa conversa do Bolsonaro e dizer 'vamos fazer o voto impresso, aí ele sossega'", completou a deputada.

Queixa-crime contra Bolsonaro

A presidente do PT também afirmou que o partido avalia a apresentação de uma queixa-crime contra Bolsonaro pelas "mentiras" que ele tem declarado sobre a sigla. Na quarta-feira (14), uma publicação feita nos perfis de Bolsonaro nas redes sociais atribuiu sua nova internação à facada sofrida por ele em 2018 e associou o acontecido ao PT.

"Quando ele está mal, ele quer criar um fato para se vitimizar. Ele aproveitou esse fato de ficar doente e tentou relacionar de novo. Estamos estudando uma queixa-crime, um pedido de indenização para ele parar de mentir. Não dá mais, o Brasil não aguenta mais o ódio, o desrespeito que essa família, que essa turma tem com o país", afirmou a deputada. "Não desejamos que ele fique doente. Só desejamos que ele saia do governo do Brasil", disse.

Manifestações em Cuba

Ao longo da entrevista, Gleisi ainda afirmou que os protestos recentes em Cuba demonstram que não há uma ditadura na ilha. "Se fosse uma ditadura mesmo teria tido uma repressão grande. Não vi repressão —como disse Lula, não vimos ninguém com o joelho no pescoço de ninguém, para reprimir ou matando. Vi até o presidente indo falar com manifestantes", disse.

A presidente do PT também associou os pedidos e queixas dos cubanos ao embargo econômico imposto pelos Estados Unidos. "Cuba está dando um grito para o mundo, são 60 anos de embargo econômico, que aquela ilha tenta viver com a perseguição dos americanos. Ninguém consegue ter um desenvolvimento de sua economia com 60 anos de embargo", afirmou.