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Internado, Bolsonaro fala por vídeo a 'motociata' no AM e alfineta Aziz

Rosiene Carvalho

Colaboração para o UOL, em Manaus

17/07/2021 19h11Atualizada em 19/07/2021 09h06

Do leito do hospital Vila Nova Star, em São Paulo, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) participou por videochamada da "motociata" em seu apoio que ocorreu hoje (17) em Manaus. Na ligação, Bolsonaro agradeceu os apoiadores no Amazonas, disse que respeita a Constituição e afirmou que o estado precisa de mudanças na política.

Uma das principais lideranças do estado é o presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD), cujo mandato termina em janeiro de 2023 — os mandatos de senadores e deputados começam no dia 1º de fevereiro após as eleições, e não em 1º de janeiro, como os do Poder Executivo.

Um dos organizadores da motociata em Manaus, coronel da reserva do Exército Alfredo Menezes (Patriota), confirmou a declaração do presidente aos apoiadores.

"Ele [Bolsonaro] disse que precisa de renovação, porque do jeito que está não pode ficar. E realmente não dá para ficar assim. Eu digo isso a ele [Bolsonaro]. O estado merece uma renovação. As pessoas estão reagindo a esse pessoal velho", declarou Menezes.

Outro organizador do evento, o empresário Fred Melo, confirmou a declaração do presidente sobre a renovação dos quadros políticos no Amazonas.

Bolsonaro e a política no Amazonas

Menezes é pré-candidato ao Senado e figura constante no Planalto e nas agendas do presidente no Amazonas. De olho na vaga de Omar Aziz, o militar da reserva tem reforçado ataques ao presidente da CPI, numa ação paralela ao tiroteio verbal entre Bolsonaro e o senador do PSD.

Quinto colocado na eleição para prefeito de Manaus em 2020, Menezes teve 110 mil votos contando apenas com acenos do presidente ao nome dele em lives e vídeos no cercadinho na saída do Palácio da Alvorada.

Já Omar Aziz, que se elegeu governador em 2010 e senador em 2014, ficou em quarto lugar na disputa pelo governo do Amazonas em 2018, em meio a investigações envolvendo um de seus irmãos, Murad Aziz, acusado de envolvimento em desvios na saúde do estado.

Depois, o próprio Omar Aziz foi alvo de operações policiais. Em 2019, chegou a sofrer busca e apreensão em sua casa, teve o passaporte apreendido e foi acusado por uma delatora de ter relação com o chefe do esquema, o médico e empresário Mouhamad Moustafá.

No mesmo ano, uma investigação sigilosa da Polícia Federal apontava que recursos da Saúde estadual foram desviados para beneficiar Aziz. A PF o indiciou por lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa. Em julho de 2019, a mulher e três irmãos de Aziz chegaram a ser presos pela PF, mas foram soltos na sequência.

O senador nunca foi denunciado e sempre negou todas as acusações.

Para aliados de Omar Aziz no Amazonas, a presidência da CPI da Covid se mostrou como uma alternativa para melhorar a imagem do senador. Adversários apostam na sua derrota nas urnas em função da exposição e da aprovação do presidente no Norte. No segundo turno de 2018, Bolsonaro venceu em cinco dos sete estados da região, entre eles o Amazonas, e teve 65% dos votos válidos em Manaus.

Participantes aglomeram sem máscara

Na parte audível do vídeo da ligação, Bolsonaro afirmou que irá remarcar a agenda em Manaus e prometeu que nos próximos meses terá "grande jornada" no Amazonas.

"Queria estar no meio de vocês. Essa presença de vocês, mesmo com a minha ausência, reflete que todos nós estamos na mesma luta pelos nossos direitos, garantia da nossa liberdade e unidade do nosso país", declarou o presidente.

De acordo com os organizadores do evento, cerca de 10 mil motociclistas participaram da "motociata" em Manaus. Sem máscaras e vestidos de verde e amarelo, os participantes se aglomeraram na praia da Ponta Negra e rezaram pela saúde do presidente.