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Em defesa do nome de Ciro Nogueira, Bolsonaro diz que nasceu do centrão

Jair Bolsonaro defendeu a escolha de Ciro Nogueira para a Casa Civil - Ueslei Marcelino/Reuters
Jair Bolsonaro defendeu a escolha de Ciro Nogueira para a Casa Civil Imagem: Ueslei Marcelino/Reuters

Do UOL, em São Paulo*

22/07/2021 14h57

Em meio a análises de que se rendeu ao chamado centrão ao escolher o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para chefiar a Casa Civil, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) relembrou a sua trajetória política para defender sua opção.

Em entrevista à Rádio Banda B de Curitiba, Bolsonaro disse que nasceu do centrão e argumentou que, para ter governabilidade, é preciso negociar com os partidos eleitos para o Congresso Nacional.

"Quando eu coloco um militar dentro do governo, há críticas também. Se você tem crítica a deputado do centro, não vote mais nesses candidatos por ocasião das próximas eleições. É simples a coisa. Se vocês votam, eu converso com eles. Eu converso com todos parlamentares, é meu papel", disse.

A denominação "centrão" surgiu na política brasileira em referência a partidos que, segundo críticos, não têm um interesse programático, mas são conhecidos para negociar cargos e favores. No geral, as siglas do centrão são ideologicamente conservadoras, com histórico de associação a diferentes governos.

Para Bolsonaro, porém, o termo ganhou conotação negativa por causa do apoio de parte destes partidos à candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) em 2018. De fato, siglas do centrão apoiaram o tucano no 1º turno das eleições, mas a palavra já era usada com este teor desde o início da redemocratização.

O centrão é um nome pejorativo, eu sou do centrão. Eu fui do PP metade do meu tempo, fui do PTB, fui do então PFL, no passado integrei siglas que foram extintas como o PRB
Jair Bolsonaro, presidente da República

"Nós temos 513 parlamentares, o tal centrão que chamam pejorativamente disso, são alguns partidos que lá atrás se uniram para campanha do Alckmin e ficou então rotulado como algo pejorativo, danoso à nação. Não tem nada disso. Eu nasci de lá", completou.

Durante a campanha eleitoral, Bolsonaro e seus aliados pregaram o distanciamento do centrão como uma das bandeiras para o governo. Em vídeo que viralizou, o atual ministro do GSI, Augusto Heleno, disse em um evento a favor da candidatura do atual presidente que, se 'gritasse ladrão, não sobraria um do centrão' .

Na 'dança das cadeiras' anunciada hoje, Luiz Eduardo Ramos deixa a Casa Civil para assumir a secretaria geral, chefiada por hoje por Onyx Lorenzoni, que será deslocado para o Ministério da Renda e Previdência.

"Ciro Nogueira é a pessoa adequada"

Para Bolsonaro, Ciro Nogueira é a pessoa adequada para chefiar a Casa Civil, ministério que tem importância na articulação com o Congresso Nacional e entre as diferentes pastas do Governo.

"Da minha parte não tem problema nenhum colocar Ciro Nogueira para dentro do governo. No meu entender, para a conversa com Parlamento, por causa da vivência desde 1995 na Câmara, pelos cargos que ocupou, ele é a pessoa adequada e a mais certa para conversar com deputados e senadores", disse, ressaltando que busca governabilidade.

"São pouco mais de 200 deputados, se afastar esses partidos de Centro, sobram 300 votos para mim. Se afastar cento e poucos parlamentares de esquerda, vou governar com 1/5 da Câmara? Não tem como", disse.

"Qualquer partido tem gente boa e que não está muito interessada em fazer a coisa certa. Agora eu tenho e pretendo, dentro das 4 linhas da Constituição, buscar apoio dentro do Parlamento", completou.

Ciro Nogueira tem o controle sobre a máquina partidária do PP. Sua nomeação à Casa Civil faz parte de estratégia do governo para ampliar a base de apoio no Congresso, onde a sigla tem dez representantes, na Câmara, e sete no Senado.

Nogueira foi aliado de Lula, principal antagonista de Bolsonaro no horizonte eleitoral de 2022. Em 2017, às vésperas do pleito presidencial de 2018, chamou o atual presidente de fascista e declarou apoio ao petista, a quem se referiu como o melhor presidente da história.

*Com informações da Agência Estado.