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Aziz: 'Mayra não tem mais condições morais para continuar dentro da Saúde'

8.jul.2021 - O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), durante sessão da comissão  - Pedro França/Agência Senado
8.jul.2021 - O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), durante sessão da comissão Imagem: Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

22/07/2021 10h19Atualizada em 22/07/2021 11h36

O presidente da CPI da Covid, senador Omar Aziz (PSD-AM), afirmou que a secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro "não tem mais condições morais" para continuar trabalhando dentro da pasta após a divulgação de um vídeo no qual a servidora pede ajuda para formular perguntas para enviar aos parlamentares governistas da comissão.

De acordo com um vídeo obtido pelo site The Intercept Brasil, a médica apelidada de "Capitã Cloroquina" fez um treinamento por videoconferência antes de ser questionada pelos senadores da CPI em seu depoimento, ocorrido em maio deste ano. Na gravação, aparecem o pesquisador Regis Bruni Andriolo e o também secretário da pasta Helio Angotti Neto.

A doutora Mayra não tem mais condições morais para continuar dentro do Ministério da Saúde. Do ponto de vista técnico eu já sabia há muito tempo que ela não tinha condições. Agora, questões morais. Até porque se eu fosse um dos senadores que entrou nessa pegadinha de fazer pergunta, tocar a bola para ela, eu exigiria e ficaria envergonhado com isso. Eu exigiria que ela fosse exonerada imediatamente"
Omar Aziz, senador pelo PSD-AM, presidente da CPI da Covid

Nos trechos exibidos do vídeo, Mayra diz precisar enviar a senadores "perguntas cujas respostas sejam oportunidade de eu falar".

"Se o senhor puder fazer três ou quatro perguntinhas que os 'deputados' podem me fazer. Tem um grupo que nos apoia, que reconhece o nosso trabalho. Esse grupo precisa fazer perguntas que nos ajudem no nosso discurso. Que perguntas posso dar a esses senadores fazerem a mim, que eles chutam para eu fazer o gol?", pergunta a servidora.

Aziz disse lembrar do depoimento de Mayra à CPI no qual ela ficou "muito nervosa e não conseguia se explicar" após os questionamentos dos senadores. O parlamentar ainda afirmou que é "impressionante" como o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, mantém a servidora na pasta mesmo diante da divulgação do vídeo.

"Mais incrível é o ministro Queiroga ainda manter a Mayra no ministério. É impressionante. Depois de um vídeo daquele, de uma servidora pública dizer que vai fazer um arranjo de perguntas entre senadores que pensam igual a ela. O ministro Queiroga tinha que tomar uma decisão imediatamente. Ou ele tira a Mayra ou ele sai do cargo. Ele não pode, pelo cargo, abrir mão dos princípios que ele jurou na sua formação", declarou o presidente da CPI.

O parlamentar também afirmou que por casos como esse da servidora que alguns senadores dizem que a CPI é um "circo". No entanto, Aziz declarou que "o circo é ela [Mayra]".

"Por isso é que alguns senadores lá ficam dizendo que [a CPI] é um circo. O circo é ela. Ela que quer fazer a CPI um circo. Quer fazer a CPI em um campo de futebol. Me toca que eu faço gol. Circo é isso, aqueles senadores que ficam na CPI, aqueles internautas que são apaixonados pelo Bolsonaro. Eles veem que o circo não é feito por nós. Nós tentamos investigar fatos. Não ficamos tirando proveito, nem comemoramos gol", finalizou.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.