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Bolsonaro diz que apresentará provas de fraudes nas eleições em live na 5ª

Lucas Valença

Do UOL, em Brasília

26/07/2021 12h08Atualizada em 26/07/2021 13h30

Ao falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, o presidente mudou o discurso com relação ao voto impresso e decidiu que deixará de falar "auditável", ao se referir à mudança, para chamar o modelo de "voto democrático". O atual modelo eleitoral com o uso da urna eletrônica, porém, é aditável e democrático.

"A gente não consegue entender por que os caras são contra. É uma maneira de você terminar as eleições e ninguém reclamar. Está na cara que querem fraudar, de novo", afirmou o presidente sem comprovar irregularidades em pleitos passados.

Jair Bolsonaro, contudo, informou que irá divulgar na quinta-feira (29), às 19h, em sua live semanal, as supostas provas de fraudes nas eleições passadas. A transmissão será feita no Ministério da Justiça.

"São três momentos inacreditáveis que nós vamos mostrar com fotografias de dados fornecidos pelo próprio TSE. Faltam dados ainda que não entregaram com a gente, mas já dá para demonstrar claramente...", declarou o presidente ao não concluir o raciocínio.

Sem provas ou indícios, o presidente tem reiterado que o atual sistema eletrônico é passível de fraudes e que é preciso implementar o voto impresso. A insinuação infundada é a de que poderia haver fraude nas atuais urnas para derrotá-lo no ano que vem.

Desde a adoção das urnas eletrônicas no Brasil, em 1996, nunca houve comprovação de fraude nas eleições. Essa constatação foi feita não apenas por auditorias realizadas pelo TSE, mas também por investigações do MPE (Ministério Público Eleitoral) e por estudos independentes.

Além disso, as urnas eletrônicas são auditáveis e este procedimento é feito durante a votação. O processo é chamado Auditoria de Funcionamento das Urnas Eletrônicas (ou "votação paralela"). Na véspera da votação, juízes eleitorais de cada TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem sorteios de urnas já instaladas nos locais de votação para serem retiradas e participarem da auditoria.

Críticas a Barroso

O presidente também aproveitou o momento com os apoiadores para criticar a atuação do presidente do TSE, ministro Luís Roberto Barroso, que tem se posicionado contra o voto impresso.

"Eu não quero acusá-lo de nada, mas ninguém consegue entender porque ele é contra. E ministro do Supremo, deputado, senador, presidente, são passíveis de críticas. Por que certas pessoas não podem criticar?", afirmou.

Sobre o chamado Fundão (fundo público eleitoral de quase R$ 6 bilhões), o presidente disse que vetará o "excesso do que a lei garante", deixando o valor, segundo Bolsonaro, em quase R$ 4 bilhões. A projeção, porém, ainda ficará bem superior à inflação, já que os recursos repartidos entre os partidos eram de pouco mais de R$ 2 bilhões.

Ao falar, Bolsonaro também voltou a atacar o PT e afirmou que "em 14 anos de PT", o país não teria avançado, em especial, na educação.

"Na educação, não tem onde esses caras não fizeram besteira. O Haddad ficou 12 anos como ministro da Educação e o que ele fez?", disse. Fernando Haddad ficou quase sete anos à frente do ministério.

Atos antidemocráticos

Em um dos momentos da conversa com os apoiadores, o presidente disse que qualquer cartaz ou manifestação pública, mesmo que de forma antidemocrática, é liberdade de expressão e não poderia ser proibido.

"Você quer levantar um cartaz na rua pedindo pena de morte? Faça o que bem entender, isso é liberdade de expressão. Está na Constituição e eu respeito isso, mas outros não. Não é justo punir, abrir inquérito contra as pessoas", disse.

Com relação ao inquérito dos atos antidemocráticos sob responsabilidade do Supremo Tribunal Federal, o mandatário comparou a atuação da Corte com problemas políticos vividos na Bolívia.

"Na Bolívia, a ex-presidente está presa acusada de atos antidemocráticos? Estão vendo alguma semelhança? Participação de vocês é importante em qualquer momento...", disse ao defender a continuidade das manifestações.

Sobre a CPI da Covid, Jair Bolsonaro refutou as suspeitas de possíveis irregularidades na aquisição de vacinas pelo Ministério da Saúde e afirmou que o governo está há "dois anos e meio sem corrupção".