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Atos em Brasília e no Rio pedem voto impresso; Bolsonaro discursa por vídeo

Hanrrikson de Andrade e Lola Ferreira

Do UOL, em Brasília e no Rio

01/08/2021 11h21Atualizada em 02/08/2021 08h26

Manifestantes se reuniram hoje (1º) em atos pró-governo e a favor do voto impresso em Brasília e no Rio de Janeiro. Já em São Paulo, o ato ocorreu à tarde, na Avenida Paulista, região central da cidade. Em discurso virtual, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu o que chama de voto impresso auditável e ameaçou as eleições do ano que vem, caso não haja mudanças no processo eleitoral.

Diferentemente do que sustentam o presidente e seus apoiadores, nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção da urna eletrônica.

Em Brasília, apoiadores de Jair Bolsonaro (sem partido) ocupam a Esplanada dos Ministérios estimulados pela última live do presidente da República, na última quinta-feira (29). Na transmissão ao vivo, o governante reciclou uma série de boatos já desmentidos sobre supostas fraudes eleitorais, além de levantar suspeitas infundadas sobre os resultados de eleições anteriores.

Por volta de 10h40, os manifestantes iniciaram a caminhada pela Esplanada em direção à Praça dos Três Poderes. A Polícia Militar não divulga estimativa de público. Até a última atualização desta reportagem, não há registro de contagem.

Além da validação impressa do voto, principal pauta da mobilização, manifestantes também exibem cartazes com dizeres de apoio ao presidente Bolsonaro e críticas a adversários e a outros Poderes, como o STF (Supremo Tribunal Federal). A hashtag #BrasilPeloVotoAuditavel é uma das mais compartilhadas no Twitter hoje.

Bolsonaro fala por videochamada

O presidente Jair Bolsonaro discursou por videochamada e voltou a sustentar, sem provas, a ideia de que o sistema eleitoral tem fragilidades. Ele afirmou que o pleito do ano que vem só será realizado se for "limpo e democrático".

Disse ainda que pretende fazer "o que for necessário" para implementar a validação impressa do voto, o que permitiria, de acordo com os defensores da ideia, a "contagem pública" e a verificação transparente do resultado das urnas.

Sem eleições limpas e democráticas, não haverá eleição. Nós que exigimos. Pode ter certeza. Vocês são de fato o meu Exército. O nosso Exército, para que a vontade popular seja expressa na contagem pública dos votos."
Jair Bolsonaro, presidente da República (sem partido)

"Temos a questão da pandemia, temos uma das maiores crises que é a falta d'água no Brasil, tivemos também as geadas. Isso impacta na ponta da linha e [gera] inflação, em sacrifício para todos nós", falou aos apoiadores.

Ele ameaçou convocar novos atos, caso não haja mudança no processo eleitoral.

"Se vocês assim desejam... Se, depois dessas manifestações em vários locais do Brasil, algumas autoridades continuarem se mostrando insensíveis, sobra para mim uma última oportunidade. Repito: convocar o povo, convidar o povo de São Paulo a comparecer até a Paulista e, de acordo com esse efetivo, vocês realmente nos sinalizando como devemos nos comportar, esse desejo de vocês será cumprido aqui em Brasília. Porque sempre estaremos ao lado do povo, ao lado da democracia e lutando pela nossa liberdade."

A argumentação se opõe ao entendimento da Justiça Eleitoral, que afirma que as eleições no Brasil já são auditáveis por meio do sistema eletrônico em vigor.

Faixa pela intervenção militar é retirada

Isoladamente, uma faixa pedia "intervenção militar" no país. Por orientação de lideranças do ato, o material foi retirado por volta das 11h.

Do carro de som, uma mulher solicitou que a faixa não fosse exibida, pois não teria conexão com a pauta majoritária —a validação impressa do voto. A mesma ativista ressaltou, no entanto, que pediria a intervenção militar "no momento certo".

Além de deputados da base aliada do presidente, comparecem ao protesto o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo e auxiliares de Bolsonaro.

Ato no Rio de Janeiro reúne milhares

Em Copacabana, no Rio, manifestantes se reuniram a partir das 10h. Sob gritos de "não é retrocesso, eu quero meu voto impresso", milhares de manifestantes empunhavam bandeiras do Brasil e levantavam cartazes pelo voto impresso e auditável. Também não houve registro oficial do número de participantes.

Em um espaço de duas quadras, cinco carros de som repetiam falas de manifestantes com a principal reivindicação do ato. Em um deles, uma mulher que não se identificou afirmou: "dizem que pedir o voto impresso é voltar à época dos primatas, mas estamos lutando pela democracia. Como vamos auditar os votos em uma tela de computador?".

Ao fim de cada fala, os manifestantes da orla de Copacabana ovacionavam e aplaudiam.

Depois de uma oração, a deputada estadual Alana Passos (PSL-RJ) subiu a um dos carros de som. "Eu sou soldada do Bolsonaro. Eu fui forjada no Exército e abandonei minha farda para ajudar o meu líder, meu presidente", disse.

A bolsonarista fez coro à reivindicação principal do ato: "Não importa se é fé direita ou esquerda, o voto impresso é benéfico para todos", afirmou. A deputada também atacou o governador Claúdio Castro (PL-RJ). "Ele não está aqui hoje, depois é fácil se dizer bolsonarista."

O presidente participou do ato por videochamada. Em ligação feita pelo deputado federal Helio Lopes (PSL-RJ), Bolsonaro criticou o ministro Luís Roberto Barroso, presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Publicamente, Barroso já defendeu o processo eleitoral vigente.

Não podemos admitir que o ministro valide apenas a vontade dele, ele tem que estar subordinado à vontade popular. Pode ter certeza que se o povo assim decidir [pelo voto impresso auditável], que tem que ser dessa maneira, assim será feito."
Jair Bolsonaro, presidente da República (sem partido)

Os manifestantes começaram a dispersar por volta de 13h, logo após o discurso de Bolsonaro.

Atos pró-Bolsonaro e a favor do voto impresso pelo Brasil