Kennedy Alencar: Reverendo na CPI reforça suspeita de corrupção na Saúde
Em participação no UOL News, o colunista Kennedy Alencar afirmou que o depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula à CPI da Covid reforça as suspeitas de corrupção na aquisição de imunizantes pelo Ministério da Saúde.
Líder da entidade privada Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários), o reverendo chorou durante a oitiva hoje e se disse culpado por participar "nessa operação das vacinas" ofertadas à pasta.
"É um depoimento que reforça toda a suspeita de que o interesse do Ministério da Saúde em desprezar a Pfizer e o Instituto Butantan e dar prioridade para esses atravessadores de vacina era para criar uma oportunidade para corrupção", disse Alencar.
Para o colunista, não é possível "julgar o foro íntimo de alguém" nem "patrulhar o choro" de uma pessoa. "Temos que ficar com as afirmações que ele fez na CPI — e ele mentiu", completou.
O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da comissão de inquérito, apontou contradição no depoimento do reverendo Amilton Gomes de Paula, que disse não se recordar de ter encontrado pessoalmente o ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, acusado de pedir propina na compra de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca.
Alencar enxerga a contradição como corroboração da existência de um esquema de desvios de recursos da Saúde. "Durante o auge da pandemia, quando as pessoas estavam morrendo por falta de vacina, o governo Bolsonaro poderia ter adquirido vacinas da Pfizer e Butantan antes do tempo que adquiriu, mas preferiu negociar com Dominghetti e reverendo a Covaxin."
Kennedy Alencar também falou das expectativas para o depoimento do tenente-coronel do Exército Marcelo Blanco, que foi assessor do Ministério da Saúde na gestão de Roberto Ferreira Dias.
"É mais um dos militares que estava dentro da estrutura do ministério. O coronel Blanco já tinha saído [da pasta] quando aparece na reunião com Dominghetti para participar dessa oferta de vacinas da Davati", lembrou.
"O depoimento do coronel Blanco vai ajudar a CPI a elucidar a participação de militares da ativa e da reserva no que é, me parece muito claro, um esquema de corrupção dentro do Ministério da Saúde para comprar vacina."
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