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'Vocês me causaram um dano a imagem muito grande' diz Ricardo Barros à CPI

Rayanne Albuquerque e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em São Paulo e em Brasília

12/08/2021 11h25Atualizada em 12/08/2021 12h46

O líder do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Câmara, deputado Ricardo Barros (PP-PR), disse hoje à CPI da Covid que os senadores do colegiado causaram um "dano de imagem muito grande" a ele. O motivo: as investigações quanto a suspeitas de irregularidades na contratação da Covaxin.

Barros depõe hoje à comissão para esclarecer se teve ou não envolvimento em possíveis atos ilícitos praticados na compra da vacina indiana. O acordo com a Precisa Medicamentos, intermediária do laboratório Bharat Biotech, foi assinado em fevereiro, ao custo de R$ 1,6 bilhão.

Posteriormente, nenhum imunizante foi entregue. A Anvisal não concedeu aval à importação e, paralelamente, a parte contratada não cumpriu cláusulas do acordo. Envolto em problemas e suspeitas de irregularidades, o contrato acabou sendo suspenso pelo Ministério da Saúde.

Muitos aqui já foram vítimas de linchamento moral. Diante deste fato, do fato de todos os convocados por vocês terem negado qualquer ligação comigo. Espero que esse mal-entendido que eu teria participado dessa intermediação com a Covaxin fique esclarecido de uma vez por todas
Ricardo Barros

Momentos antes do início da sessão, Barros falou em coletiva de imprensa com jornalistas e disse que o presidente Bolsonaro não poderia negar algo que nunca disse. Ele se referia ao fato de ter sido colocado como o responsável por negociações ilegais, citadas pelo deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Barros disse ainda que as suspeitas sobre o seu envolvimento com a Covaxin não passam de um "grande mal-entendido". O líder do governo chegou a agradecer pela oportunidade de apresentar a sua versão sobre as narrativas apresentadas pelo deputado Luis Miranda (DEM-DF), também à CPI.

Quero agradecer senhores senadores que marcaram minha possibilidade de esclarecer os fatos aqui na CPI. Fui citado mais que uma centena de vezes, senadores perguntaram para todos os que vieram depor aqui se tinham relação comigo e negaram. O presidente Bolsonaro nunca afirmou que eu estava envolvido no caso Covaxin
Ricardo Barros

Barros pretende "esclarecer ilações e mentiras"

Ontem, ao UOL, Barros declarou que estava "tranquilo" sobre o depoimento, e que irá prestar "esclarecimentos sobre ilações e mentiras".

O parlamentar não detalhou quais seriam as suspeitas infundadas que citou, mas voltou a afirmar que a "imunidade de rebanho", de fato, poderia ser atingida se 60% da população contraísse a covid-19.

"A ciência diz que se 60% se contamina, a tendência é que o vírus perde o ambiente de propagação", disse.

Para o deputado, a "imunidade de rebanho", defendida inclusive por Bolsonaro, não aconteceu porque não houve contaminação e nem vacinação de 60% da população.

Nos cálculos de Barros, haveria imunidade de rebanho se esse grupo de brasileiros estivesse vacinado ou já contaminado com covid-19.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.