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Villa: Se STF não dificultasse ação de Bolsonaro, já estaríamos na ditadura

Do UOL, em São Paulo

16/08/2021 12h27Atualizada em 16/08/2021 14h02

O colunista do UOL Marco Antonio Villa afirmou hoje, durante o UOL News, que se o STF (Supremo Tribunal Federal) não colocasse dificuldades sobre as ações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) era possível que o Brasil já estivesse em uma nova Ditadura Militar.

"Se nós estamos falando nessa hora aqui, democraticamente, é porque temos o Supremo Tribunal Federal que, desde o ano passado, foi colocando dificuldades na ação do Bolsonaro, caso contrário a gente já estaria na ditadura", afirmou.

Para o historiador, os bolsonaristas estão "fora do arco democrático" por seus constantes ataques às instituições e à democracia.

"Tem que ser compreendido que o bolsonarismo não é liberal, conservador, à direita. Eles estão fora do campo democrático. Eles são extremistas tal qual o Hitler na Alemanha usou as instituições na Constituição de Weimar, em 1919, para tomar o poder em 1933, e impor o totalitarismo. O mesmo ocorre aqui [no Brasil]."

O colunista ainda comentou o anúncio de Bolsonaro que disse que entrará com ações de pedidos de impeachment contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, ambos do STF, no Senado baseado no artigo 52 da Constituição. A repercussão do caso foi tamanha que governadores publicaram hoje uma nota em apoio ao STF diante das "constantes ameaças e agressões" contra a Corte, ditas pelo presidente.

Segundo Villa, é controverso que o chefe do Executivo e seus apoiadores critiquem a Constituição e depois a use para executar atos tidos como necessários para eles.

"Eles [Bolsonaristas] conspiram diuturnamente contra a Constituição. Vai chegar um momento que eles vão dar o golpe. Isso é inevitável. 7 de setembro pode ser o sinal para isso. Está desenhado o cenário. Basta ler nas redes [sociais]", ressaltou o colunista, afirmando que não é liberdade de expressão atacar as instituições.

Villa disse enxergar o atual momento do país como o "mais tenso" desde a criação da Constituição Federal em 1988. Segundo o colunista, na sua visão, é "inquestionável" que Bolsonaro queira dar um golpe de estado contra a democracia brasileira.

Ataques

Além de questionar o sistema eleitoral com frequência e levantar a bandeira a favor do voto impresso, o mandatário vem subindo o tom das críticas que vem fazendo nos últimos dias a Luís Roberto Barroso, ministro do STF e presidente do TSE.

O atual mandatário acusa o presidente do TSE, sem provas, de agir no Congresso para influenciar parlamentares a barrar a PEC do voto impresso — que foi rejeitada na Câmara dos Deputados este mês. No dia 6 de agosto, o presidente chamou Barroso de "filha da p...." em um vídeo que circula as redes sociais.

Bolsonaro também já declarou que o ministro deve ter alguma relação com o seu concorrente Luís Inácio Lula da Silva (PT) e que deveria concorrer como vice do petista nas próximas eleições.

O ministro do STF e do TSE anunciou na semana passada a ampliação nos processos de auditoria das urnas eletrônicas e afirmou que nenhum membro da corte é candidato a algum cargo eleitoral.

Alexandre de Moraes, do STF, também é um dos alvos de Bolsonaro. No início deste mês, o chefe do Executivo disse que a hora de Moraes vai chegar, depois que o ministro determinou a investigação do presidente no âmbito do inquérito das fake news por ataques ao sistema eleitoral brasileiro. A notícia-crime acolhida por Moraes foi encaminhada ao Supremo pelo TSE.

Em uma entrevista, Bolsonaro mencionou que Moraes e Barroso têm adotado decisões que fogem da razoabilidade. Ele convocou a população da cidade de São Paulo a se manifestar na Avenida Paulista contra os ministros com o objetivo de "defender a Constituição". "Não podemos continuar com ministros (Judiciário) arbitrários", declarou.

O presidente classificou Moraes como sendo "a própria mentira dentro do STF". Para o presidente, Moraes faz "ações intimidatórias" e "joga fora da Constituição". Em ameaça ao ministro, Bolsonaro afirmou: "A hora dele vai chegar".

O presidente não detalhou ao que se referia quando afirmava que a hora do ministro Moraes se aproxima.