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Moraes determina bloqueio de 'vaquinha' para protesto de 7 de setembro

Do UOL, em São Paulo

20/08/2021 13h55

Na decisão em que autoriza o cumprimento de mandados de busca e apreensão contra o deputado bolsonarista Otoni de Paula (PSC-RJ), o cantor Sérgio Reis e outros sete alvos, o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou o bloqueio de uma chave Pix pela qual os investigados vinham angariando doações para atos no dia 7 de setembro.

O ministro cita uma manifestação da PGR (Procuradoria-Geral da República) que sustenta que os investigados "têm convocado a população, através de redes sociais, a praticar atos criminosos e violentos" de protesto às vésperas do feriado da Independência do Brasil, durante uma suposta manifestação e greve de "caminhoneiros".

Segundo a PGR, o dinheiro era revertido para um grupo chamado "Coalização Pro-Civilização". A entidade é presidida por Alexandre Petersen, um dos alvos da operação de hoje.

De acordo com a PGR, esta associação é responsável pelo domínio do site "Brasil Livre", que vinha convocando bolsonaristas para atos contra o STF em 7 de setembro. A ordem de Moraes é para que a chave Pix e a conta bancária vinculada a ela sejam bloqueadas em até 24 horas.

Além do cantor, do parlamentar e de Petersen, outras sete pessoas foram alvos da operação de hoje: Marcos Antônio Pereira Gomes, conhecido como "Zé Trovão", Eduardo Oliveira Araújo, Wellington Macedo de Souza, Antônio Galvan, Turíbio Torres, Juliano da Silva Martins e Bruno Henrique Semczesz. O UOL tenta localizar a defesa dos citados.

Proibição de participar de eventos e de chegar perto do STF

Moraes também proibiu os alvos da apuração de participarem de eventos em ruas e monumentos no Distrito Federal.

No documento de 22 páginas, o ministro determinou ainda que os investigados fiquem proibidos de circular até um quilômetro de raio da Praça dos Três Poderes, dos ministros do STF e de senadores.

A restrição, segundo Moraes, tem como objetivo "evitar a prática de infrações penais e preservação da integridade física e psicológica dos Ministros, Senadores, servidores ali lotados, bem como do público em geral que diariamente frequenta e transita nas imediações".

A medida não se aplica ao deputado, "em razão da necessidade do exercício de suas atividades parlamentares".

Moraes também determinou o bloqueio imediato dos perfis dos investigados nas redes sociais. Eles também estão proibidos de se comunicar entre si.

Outro lado

O UOL entrou em contato com os investigados. Entre eles, Antônio Galvan não deu resposta pública, mas a Aprosoja (Associação Brasileira dos Produtores de Soja), órgão do qual é presidente, negou qualquer relação com ataques às instituições da democracia.

Além disso, a associação afirmou não ter laços com as manifestações planejadas para o dia 7 de setembro. Em nota, a Aprosoja disse que "não financia e tampouco incentiva a invasão do STF (Supremo Tribunal Federal) ou quaisquer atos de violência contra autoridades, pessoas, órgãos públicos ou privados em qualquer cidade do país".

Já Zé Trovão e Turíbio gravaram um vídeo no Instagram afirmando que não são "bandidos, mas sim trabalhadores" e que estão fazendo "tudo dentro das quatro linhas da Constituição".

O deputado Otoni de Paula disse que não irá recuar "um milímetro" em relação aos seus posicionamentos.

A defesa de Juliano Martins disse que os "fatos não condizem com a verdade, tratando-se de mera especulação sem quaisquer provas, o que restará comprovado durante a instrução processual". Segundo as advogadas, ele está colaborando com as investigações.