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SP: PM afasta de comando de batalhão coronel que promoveu ato bolsonarista

João Doria disse que Aleksander Lacerda foi afastado por ato de indisciplina - Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo
João Doria disse que Aleksander Lacerda foi afastado por ato de indisciplina Imagem: Sergio Andrade/Governo do Estado de São Paulo

Do UOL, em São Paulo*

23/08/2021 08h41Atualizada em 23/08/2021 10h55

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje que o chefe do CPI-7 (Comando de Policiamento do Interior-7), coronel Aleksander Lacerda, foi afastado da PM (Polícia Militar) de São Paulo por indisciplina.

Doria confirmou a informação em entrevista à Rádio CBN em meio à repercussão de uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada hoje, que mostra postagens do coronel Lacerda no Facebook convocando seus seguidores para a manifestação do dia 7 de setembro, organizada por bolsonaristas.

O ato tem sido promovido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em meio à tensão entre os Poderes. O chefe do Executivo já acenou com a possibilidade de comparecer à manifestação em São Paulo, que será realizada na Avenida Paulista.

"É um caso isolado. Quero dizer que este coronel acaba de ser afastado da PM de São Paulo por indisciplina. Foi comunicado pelo secretário de segurança pública [general João Campos] e pelo comandante-geral da PM (Coronel Alencar). Em São Paulo nós não admitimos indisciplina em hipótese alguma. Foi afastado e responderá pelo que falou e pelas postagens que fez", disse Doria.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Aleksander Lacerda tem sob suas ordens 7 batalhões da PM paulista, com tropa de cerca de 5 mil homens em 78 municípios da região de Sorocaba. A página do Facebook era pública até o último sábado, quando foi fechada para desconhecidos.

A reportagem diz que contou 397 publicações de caráter político e partidário no perfil do coronel entre os dia 1º e 22 de agosto, a maioria por meio de compartilhamento de conteúdo produzido por blogueiros e parlamentares bolsonaristas.

Nos últimos dias, segundo o jornal, o oficial intensificou as postagens relacionadas à manifestação do dia 7 de setembro, com frases como "Liberdade não se ganha, se toma. Dia 7/9 eu vou" e "Precisamos de um tanque, não de um carrinho de sorvete".

O levantamento do jornal ainda mostra que o coronel Lacerda fez ataques a Doria — a quem chamou de cepa indiana — e a membros do STF (Supremo Tribunal Federal) e do Congresso em suas postagens. Em uma delas, o coronel dizia sentir nojo do STF. Em outra, diz a reportagem, Alexandre de Moraes era retratado como um bigode de Adolf Hitler.

O UOL tenta contato com o comando da PM para mais detalhes sobre o afastamento. Segundo o jornal o Estado de S. Paulo, especialistas indicaram que as manifestações do coronel poderiam configurar "transgressão disciplinar".

Policiais militares da ativa são proibidos pelo regulamento da corporação de realizarem manifestações políticas.

Segundo Doria, a postura será mantida em possíveis casos semelhantes. "Houve este caso específico de manifestação e se outros fizerem isso terão o mesmo destino", disse.

*Com informações da agência Reuters.