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Senador acusa PT de se unir a Bolsonaro e centrão por Aras, e petista reage

Objetivo do PT é "garantir a impunidade daqueles que se encontram no topo", disse Alessandro Vieira - Pedro França/Agência Senado
Objetivo do PT é "garantir a impunidade daqueles que se encontram no topo", disse Alessandro Vieira Imagem: Pedro França/Agência Senado

Do UOL, em São Paulo

24/08/2021 21h15Atualizada em 24/08/2021 22h01

Suplente na CPI da Covid, o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) criticou hoje os votos favoráveis de colegas do PT à recondução de Augusto Aras para mais um mandato à frente da PGR (Procuradoria-Geral da República). Para Vieira, a adesão ao nome de Aras é uma demonstração de uma suposta união dos petistas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a quem fazem oposição, e ao centrão.

"Teve início a sabatina de Aras, indicado por Bolsonaro para recondução ao cargo de PGR. É mais uma demonstração do casamento de conveniência entre Bolsonaro, PT e centrão. O objetivo é evidente: garantir a impunidade daqueles que se encontram no topo do sistema", escreveu o senador em uma rede social.

O senador Rogério Carvalho (PT-SE), também suplente na CPI da Covid, respondeu em seguida:

"Conversa para boi dormir. Não fomos nós que pedimos voto e fizemos campanha para Bolsonaro na última eleição. Conta outra! A todo momento defendemos a democracia e as instituições. O povo não é bobo!"

Vieira, por fim, replicou: "Concordo com a última frase: o povo não é bobo. Lembre dela."

A indicação de Aras para um novo mandato de dois anos no comando da PGR foi aprovada há pouco pelo plenário do Senado, por 55 votos a 10. Para ser reconduzido ao cargo até setembro de 2023, ele precisava de ao menos 41 votos favoráveis, isto é, a maioria absoluta dos 81 senadores. Houve uma abstenção.

Mais cedo, sua indicação havia sido aprovada pela CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) do Senado por 21 votos a 6, após cerca de seis horas de sabatina. A votação é secreta tanto na CCJ quanto no plenário. (Assista abaixo)

Aras defende gestão

O procurador-geral da República chega ao final do primeiro mandato sob críticas por um suposto alinhamento a Bolsonaro. Aos senadores, porém, Aras defendeu que sua gestão foi "sóbria e técnica", dizendo que discordou de 30% dos pedidos liminares feitos pelo governo federal e de 80% das manifestações relacionadas à covid-19.

O MP [Ministério Público Federal] não é de governo, nem é de oposição.
Augusto Aras, em sabatina

Nas últimas semanas, Aras foi alvo de ações no STF (Supremo Tribunal Federal) e de uma representação no CSMP (Conselho Superior do Ministério Público Federal) que lhe acusaram de suposto crime de prevaricação — quando um servidor público deixa de agir naquilo que lhe compete em benefício de terceiros — para favorecer Bolsonaro.

Ontem, o ministro Alexandre de Moraes determinou o arquivamento da notícia-crime enviada ao Supremo pelos senadores Alessandro Vieira e Fabiano Contarato (Rede-ES). Para o magistrado, a ação não trouxe elementos mínimos que embasassem a acusação de omissão por parte de Aras.

"A presente petição não trouxe os elementos mínimos, necessários e suficientes para afastar a independência e autonomia funcional do procurador-geral da República, constitucionalmente consagrada para o exercício de suas funções, deixando, portanto, de demonstrar — mesmo em tese — a necessária tipificação do delito de prevaricação", avaliou Moraes.

(Com Estadão Conteúdo)