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Bolsonaro critica decisão de Pacheco: agiu diferente ao abrir CPI da Covid

Fábio Castanho*

Do UOL, em São Paulo

26/08/2021 09h09Atualizada em 27/08/2021 21h18

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou hoje a decisão do presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), de rejeitar o pedido de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal). Em entrevista à Rádio Jornal Pernambuco, Bolsonaro disse que Pacheco agiu diferente ao abrir a CPI da Covid, ignorando que o senador cumpriu uma determinação judicial e, a princípio, era contrário à instalação da CPI.

"Os Poderes são independentes, mas vou falar. Entrei com ação com intuito que o processo fosse avante. Nem vou dizer cassar ou não o ministro, mas que fosse avante. Pacheco entendeu e acolheu uma decisão da sua advocacia, lá do Senado. Quando chegou ordem do ministro [do STF, Luís Roberto] Barroso para abrir a CPI da Covid, ele mandou abrir e ponto final. E agiu de maneira diferente do que agiu no passado", disse.

O pedido de impeachment de Moraes foi enviado ao Senado por Bolsonaro na última sexta-feira (20). Foi a primeira vez que um presidente da República pediu o afastamento de um ministro do STF — que, em nota, repudiou o ato.

Em relação à abertura da CPI da Covid, Pacheco se disse contrário em um primeiro momento à criação da comissão, agindo apenas depois de determinação do STF. O senador, inclusive, foi criticado por opositores que viam em sua postura uma forma de postergar a instalação da CPI.

Ontem, Bolsonaro já havia se manifestado de forma indireta sobre a decisão de Pacheco, postando um vídeo no qual diz saber onde está "o câncer do Brasil" e que pode vencer a guerra.

O vídeo compartilhado por Bolsonaro era o trecho de uma live transmitida em abril deste ano. Em tom de ameaça, o presidente diz: "Sei onde está o câncer do Brasil, nós temos como ganhar essa guerra se esse câncer for curado. Estamos entendidos? Se alguém acha que eu preciso ser mais explícito, lamento".

Hoje, em tom mais comedido, disse que está "praticamente sozinho na luta" em relação a Alexandre de Moraes. "Lamento a posição do [Rodrigo] Pacheco no dia de ontem, mas continuaremos no limite dentro das 4 linhas da Constituição para buscar garantir a liberdade do povo", disse.

Críticas a Alexandre de Moraes

Na entrevista, Bolsonaro repetiu críticas a Alexandre de Moraes, dizendo que ele ignora artigos da constituição. Porém, ao fazer a acusação, Bolsonaro não leva em conta que os direitos previstos na Constituição não são absolutos quando entram em choque com outros, cabendo ao juiz sobrepesar caso a caso qual deve prevalecer.

"Ele abriu inquérito da fake news que nem está tipificado na Código Penal. Ele começou a investigar qualquer um. E ele prende, tira a liberdade", disse, citando como exemplo as prisões recentes do presidente do PTB, Roberto Jefferson, e do deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ).

7 de setembro

Questionado se as Forças Armadas farão um desfile militar no dia 7 de setembro, Bolsonaro disse que haverá um evento simples de hasteamento da bandeira, mas que não haverá desfile. O presidente, porém, reforçou que participará de uma manifestação em São Paulo.

"O pronunciamento mais demorado deverá ser à população e darei uma mensagem de esperança e também mostrarei para o mundo a fotografia e a imagem do local de como o povo está preocupado com o seu futuro", disse.

Segundo o mandatário, a comitiva presidencial deverá embarcar de Brasília por volta das 12h. Bolsonaro, portanto, deverá comparecer à manifestação da Avenida Paulista por volta das 15h30.

*Colaborou Lucas Valença, de Brasília.