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Frase 'morte, prisão ou vitória' foi desabafo contra pressão, diz Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo*

30/08/2021 13h11Atualizada em 30/08/2021 15h58

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse hoje, em entrevista à Rádio Fonte de comunicação de Goiás, que citou 'prisão, morte ou vitória' como as três alternativas para seu futuro em um momento de desabafo em meio ao que enxerga como violações à liberdade de expressão.

Bolsonaro criticou especificamente a decisão do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, de incluí-lo no inquérito das fake news, o que considera uma ameaça.

Porém, ao fazer uma defesa irrestrita da liberdade de expressão, Bolsonaro ignora o entendimento majoritário de que os direitos previstos na Constituição não são absolutos quando entram em conflito com outros, cabendo ao juiz sobrepesar caso a caso qual deve prevalecer.

"Eu quis dizer que está uma pressão muito grande. Quando falamos em voto impresso, passou a ser crime, quando falamos em tratamento precoce, passou a ser crime", disse Bolsonaro.

"E o [Alexandre de] Moraes me botou no inquérito do fake news, sem participação do Ministério Público. O que eles querem: Aguardar o momento para me aplicar uma sanção restritiva, quem sabe quando deixar o governo lá na frente. Esse não é trabalho que se faça. Você não pode ameaçar os outros, não pode um ministro ser o dono do inquérito, onde investiga, julga e condena", completou.

Ao dizer que "quer liberdade de expressão para o Brasil", Bolsonaro citou duas bandeiras que têm defendido recentemente e são contestadas por especialistas: o voto impresso e o que chama de tratamento precoce contra covid-19.

Apesar de fazer alegações infundadas de fraude nas urnas eletrônicas e de estudos indicarem ineficácia de medicamentos como hidroxicloroquina para o combate à covid-19, Bolsonaro defende que "qualquer um pode questionar qualquer coisa".

Para ele, pode-se questionar "que cloroquina dá certo ou não dá certo, que você confia ou não na urna eletrônica e não ser punido por causa disso".

Bolsonaro ainda disse que "poucas pessoas fazem esse terror" e que mantém a frase sobre prisão, morte ou vitória. "Falei isso no momento de desabafo e não deixou de ser a realidade. Vou fazer a minha parte até o final", disse.

Manifestação de 7 de setembro

Sobre no feriado de 7 de Setembro, dia em que pretende fazer demonstração de força nas ruas, Bolsonaro reafirmou que a "grande pauta" dos atos que devem ocorrer no País é a liberdade de expressão.

"Não pode uma pessoa do STF e uma do TSE se arvorarem como donas do mundo", disse o presidente. Apesar de não citar nominalmente desta vez, o presidente te concentrado ataques a Alexandre de Moraes e a Luís Roberto Barroso.

Os atos de 7 de setembro, entre outras bandeiras, questiona o inquérito que apura ofensas e fake news contra os ministros do STF. Entre os objetos das investigações estão o ex-deputado federal e presidente do PTB, Roberto Jefferson, o deputado federal Otoni de Pauta (PSC-RJ) e o blogueiro Allan dos Santos. "Não podemos admitir um deputado federal, um jornalista e um presidente de partido presos", disse o chefe do Executivo.

Bolsonaro classifica as manifestações programadas como "espontâneas" e que contam como integrantes pessoas "pacíficas, ordeiras, trabalhadoras que querem o melhor para o País". Porém, opositores têm demonstrado preocupação com as manifestações em meio a declarações do presidente consideradas golpistas.

Apesar de não ser a pauta principal, o presidente afirma que as pessoas também podem se manifestar para defender a adoção no voto impresso nas eleições. Mesmo assim, o chefe do Executivo pondera que os cidadãos "não estão pedindo nada além do normal, do que os Poderes deviam atender".

Apesar das alegações de Bolsonaro, nunca foi comprovada fraude em urnas eletrônicas no Brasil.

*Com informações da Estadão Conteúdo