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Bolsonaro promove manifestações de 7 de setembro como 'oportunidade'

Do UOL, em São Paulo e em Brasília*

31/08/2021 12h00Atualizada em 31/08/2021 13h52

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) usou um evento de inauguração de estação de tratamento de água em Uberlândia (MG) para promover as manifestações do dia 7 setembro, dizendo que "nunca uma outra oportunidade será tão importante".

Em meio a temores de oposicionistas com discursos recentes de Bolsonaro com teor golpista, o presidente disse ainda que o próximo 7 de Setembro será diferente do que o de 1822, quando foi declarada a Independência do Brasil. Porém, voltou a usar frases dúbias sobre o que espera dos protestos e não explicou o que enxerga como oportunidade.

"A vida se faz de desafios, sem desafios a vida não tem graça. As oportunidades aparecem, nunca uma outra oportunidade para o povo brasileiro será tão importante quanto este próximo 7 de setembro", disse. Dessa vez, no entanto, não citou os motivos pelos quais incentivou o ato, como a adoção do voto impresso, ou ataques aos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).

Bolsonaro ainda disse que "muitos querem" que ele "tome certas medidas", mas não explicou quais medidas seriam essas. Na sequência, fez uma alusão à Independência, dizendo que não puxará espada.

"Eu acredito que vamos mudar o destino do Brasil. E tenho certeza dentro das 4 linhas da Constituição Federal. Não será levantando uma espada para cima e proclamando algumas palavras, no passado foi assim. Hoje, pela complexidade e pelo que está em jogo na nossa nação, será um pouco diferente, mas temos um outro 7 de setembro pela frente", disse.

Sem ser claro, ainda disse que "é muito mais fácil estar do outro lado". "Mas prefiro primeiro ter consciência tranquila com o Criador e estar em paz com o povo brasileiro", completou.

Manifestações geram preocupação

O envolvimento de agentes das forças de segurança, principalmente das Polícias Militares, tem despertado preocupação de diversos atores políticos em relação a uma tentativa de ruptura institucional. O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), descartou a possibilidade de investida golpista na data.

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), afastou o coronel da PM do estado Aleksander Lacerda, que convocou colegas de corporação para os atos bolsonaristas por meio das redes sociais e fez ataques aos membros do Supremo Tribunal Federal (STF), desafetos do presidente. Policiais militares da ativa são proibidos por lei de se envolverem em atividades político-eleitorais.

Críticas a Lula

Em seu discurso, o presidente também voltou a chamar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de "nove dedos" e procurou atribuir culpa do elevado preço da gasolina à uma "entrega de uma refinaria brasileira ao governo boliviano", durante a gestão do petista.

"Um de seus ministro à época, ministro Celso Amorim, por ocasião da expropriação desta refinaria, ainda declarou: 'agimos acertadamente, porque o Brasil estava tendo um comportamento imperialista", afirmou Bolsonaro.

Como de costume, Bolsonaro deixou em aberto a possibilidade de não disputar a reeleição em 2022. "No momento, não sou candidato a nada, deixo bem claro. Não posso falar em política para o futuro, porque não sei como chegarei até lá", disse.

Antes do evento, Bolsonaro chegou a andar de cavalo na área rural da cidade. O vídeo divulgado nas redes sociais mostra o presidente com uma bandeira do Brasil passeando ao lado de apoiadores. Na chegada à cidade, ele cumprimentou apoiadores e causou aglomeração. Poucas pessoas usavam máscara.

*Com informações do Estadão Conteúdo e agência Reuters