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'Nosso inimigo é o preço do feijão, da gasolina, da luz', dispara Pacheco

Do UOL, em São Paulo*

02/09/2021 16h19Atualizada em 02/09/2021 16h21

O presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), disse hoje, em reunião com governadores, que o Brasil perde tempo com pautas que não são importantes e deixa de lado o que é "inimigo" da sociedade, como o preço do feijão.

"Nosso inimigo é o preço do feijão, da gasolina, da luz elétrica. Temos que discutir isso no Brasil e não perdermos tempo com aquilo que não convém", disse.

Os governadores pediram a ajuda do Congresso para tentar frear o aumento de preços de combustíveis, da cesta básica e da energia, e debateram temas como reforma do Imposto de Renda e a PEC dos Precatórios. Sobre a agenda econômica dos governadores, Rodrigo Pacheco afirmou que vai dialogar com o Ministério da Economia para buscar saídas para a inflação.

Na reunião com Pacheco, os chefes do Executivo estaduais também cobraram a renovação de contratos para compra de vacinas contra a covid-19 e uma solução para a crise entre os Poderes, manifestando preocupação com ataques de Bolsonaro às instituições.

A conversa ocorreu após uma tentativa frustrada de reunião com o presidente. Em meio a movimentos para a eleição presidencial de 2022, o presidente do Senado se colocou como um intermediador da demanda dos estados.

Por intermédio de Pacheco, os governadores decidiram elaborar uma nota técnica e cobrar do Ministério da Saúde a renovação de contratos de compra de vacinas no âmbito do Plano Nacional de Imunização (PNI). A preocupação é com contratos vencendo em setembro e a necessidade de concluir a vacinação da população, além de uma terceira dose de reforço para grupos prioritários.

"Queremos evitar uma corrida de Estados e municípios atrás de vacinas dentro desses contratos", disse o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). "A ideia é que possamos até outubro avançar bem, para não ter problema na relação com outros países por conta da pandemia, e também até o fim do ano alcançarmos a imunização plena, o controle do coronavírus", afirmou o governador do Piauí, Wellington Dias (PT).

Diálogo com os Poderes

O presidente da Casa também declarou que não "é possível interromper o diálogo com nenhum dos poderes" em meio aos ataques do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) às instituições.

No discurso, que ocorreu após reunião, Pacheco também afirmou que democracia é inegociável e que ela tem como um de seus pilares o diálogo.

"É fundamental e é pilar da democracia o diálogo. Não é possível interromper o diálogo com nenhum dos poderes, não é possível interromper o diálogo com nenhuma das instituições e não é possível não ouvir governadores dos estados e do DF. Essa lógica de diálogo permanente, em especial com os governadores, que são os que sabem a realidade de todos os estados brasileiros e do DF. É fundamental que estejamos abertos no Congresso para esse diálogo permanente, com consensos e que respeita divergências." declarou.

Após o encontro, e tendo ao lado alguns governadores como o do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), e do Pará, Hélder Barbalho (MDB), Pacheco disse que o Congresso precisa ouvir as demandas dos chefes dos Executivos estaduais.

"Não se negocia a democracia. Democracia é uma realidade, Estado de Direito é uma realidade, a sociedade já assimilou esses conceitos e esses valores nacionais, de modo que estaremos sempre todos unidos nesse propósito de preservação da democracia no nosso país", afirmou.

As declarações de Pacheco vêm em um momento de crise entre os Poderes, e em meio a ataques do presidente Jair Bolsonaro contra o Supremo Tribunal Federal (STF) — especialmente os ministros Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso. Bolsonaro chegou a afirmar em uma declaração recente que poderá atuar fora das quatro linhas da Constituição para conter o que chama de excessos do Supremo.

O presidente também ataca os governadores com frequência devido à gestão da pandemia de covid-19 — por ser contra as medidas de restrição de atividades adotadas pelos Estados para conter a disseminação do vírus — e por conta da cobrança do ICMS sobre os combustíveis.

*Com informações da Agência Senado, Estadão Conteúdo e Reuters.