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Atos no 7/9 mobilizam 5 mil policiais e alteram expediente em Brasília

3.mai.2020 - Ato a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Esplanada dos Ministérios - Dida Sampaio/Estadão Conteúdo
3.mai.2020 - Ato a favor do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) na Esplanada dos Ministérios Imagem: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

06/09/2021 04h00

O GDF (Governo do Distrito Federal) vai mobilizar 5 mil policiais e equipes de fiscalização de protocolos sanitários no esquema de segurança montado para os atos de 7 de Setembro a favor e contra o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).

As autoridades locais temem que o clima político conturbado e o acirramento de divergências institucionais entre Bolsonaro e adversários possam incentivar atos de violência.

A Esplanada dos Ministérios terá um perímetro de isolamento a fim de garantir que nada seja feito contra as sedes do Congresso Nacional e do STF (Supremo Tribunal Federal).

Como medida de cautela, o governador Ibaneis Rocha (MDB) decretou ponto facultativo hoje, véspera do feriado. A agenda de manifestações também afetou o expediente do Senado e do Supremo, que cancelaram as atividades de segunda e deram folga a servidores. A Câmara dos Deputados alegou sigilo e não informou se houve mudanças de planejamento em razão do 7 de Setembro.

Sem desfile militar pelo segundo ano seguido em razão da pandemia, Brasília terá todas as atenções direcionadas para os protestos de rua.

Militâncias rivais estarão separadas por aproximadamente três quilômetros de distância. Apoiadores do governo, em maioria, ocuparão a Esplanada e devem caminhar em direção à praça dos Três Poderes (onde ficam o Congresso e o Supremo).

Já manifestantes que compõem o chamado Grito dos Excluídos (movimentos sociais, partidos de esquerda e outros) vão se concentrar na Torre de TV, na região central do Plano Piloto.

Além do contingente de 5 mil agentes policiais, o trânsito será fechado e a fiscalização de protocolos sanitários em atividades comerciais, reforçada.

"A Polícia Militar do Distrito Federal realizará linhas de revistas pessoais e bloqueios nas principais vias da Esplanada dos Ministérios e proximidades da Torre de TV", informou a Secretaria Estadual de Segurança, em nota.

"Também será proibido acessar as áreas em que serão realizadas as manifestações portando objetos pontiagudos, garrafas de vidro, hastes de bandeiras e outros materiais que coloquem em risco a segurança de manifestantes e população. Também fica restrita a utilização de drones sem autorização no espaço aéreo da Esplanada."

Em entrevistas na última semana, Bolsonaro afirmou que vai ao ato na Esplanada e deve fazer um discurso breve antes de ir a São Paulo, onde participará de uma manifestação a seu favor na avenida Paulista.

"E pretendo, sim, participar do evento na Paulista, onde devo chegar por volta das 15h30. Aí sim um pronunciamento mais demorado. Falar com a população e também demonstrar para o mundo o quanto o governo está preocupado com o seu futuro. É um movimento popular, devemos entender como normal. Quem não quiser apoiar, é direito dele. Agora ser contra um movimento popular, não dá para apoiar isso aí", afirmou o presidente em entrevista à Rádio Jornal Pernambuco, em 26 de agosto.

Antes da viagem, ele receberá autoridades no Palácio da Alvorada, residência oficial da chefia do Executivo, em Brasília, e acompanhará a solenidade de hasteamento da bandeira (com início às 8h). Não há previsão de discurso no evento.

Manifestações reúnem 16 grupos

De acordo com o GDF, 16 grupos políticos se cadastraram e relataram interesse em promover atos durante o feriado. No total, são 13 favoráveis ao governo Bolsonaro e três contra.

Para evitar que haja aproximação entre militâncias rivais, a Polícia Militar pretende posicionar agentes ao longo de toda a Esplanada, além de reforçar o efetivo perto das sedes dos Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). O trânsito será interrompido na Esplanada, e a praça dos Três Poderes permanecerá fechada durante todo o dia.

"Brasília é palco de grandes manifestações, e a Esplanada dos Ministérios tem a vocação de receber essas manifestações. Nós recebemos inúmeros protestos ao longo do ano", afirmou o delegado Júlio Danilo, secretário de Segurança Pública.

Será realizada uma barreira de revista no espaço entre a concentração dos manifestantes e o acesso à Esplanada. O objetivo será vistoriar bolsas, mochilas, sacolas, entre outros, a fim de impedir a entrada de objetos que possam ser utilizados como arma —como garrafas de vidro e pedaços de ferro ou madeira. Álcool líquido também não será permitido (apenas em gel).

O trabalho envolverá o efetivo das polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros, do Detran (Departamento de Trânsito), do DER (Departamento de Estradas e Rodagem) e dos fiscais do DF Legal, que vão coibir a venda de comida e bebidas por ambulantes.

STF e Congresso

O STF informou que, por medida de cautela, decretou ponto facultativo hoje a fim de "facilitar os preparativos de segurança". Também não será permitida a presença da imprensa ou de quaisquer outros visitantes no prédio da Corte.

O Senado se manifestou de forma semelhante e, quando indagado sobre eventuais ações extraordinárias visando reforço da segurança, informou ter decretado ponto facultativo na véspera do feriado. A Câmara dos Deputados, por sua vez, informou que o planejamento é sigiloso.