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Ciro Gomes: Impeachment de Bolsonaro 'é uma aposta na qual Brasil só ganha'

Colaboração para o UOL

08/09/2021 12h00

Abertamente crítico ao governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-governador do Ceará Ciro Gomes (PDT) apoia o impeachment do presidente, mesmo sem ter certeza se a retirada dele do governo aconteceria de fato.

"Uma coisa é o presidente da Câmara processar o impedimento, despachar que é praticável e, daí, tem um longo processo. O presidente da Câmara apenas inaugura o processo, o primeiro ato é constituir comissão mista, isso é muito importante e (Rodrigo) Maia não entendeu", disse Ciro ao UOL Entrevista.

Para o ex-ministro, a abertura do processo "é uma aposta na qual o Brasil só ganha". Isso porque a intenção de impedir poderia fazer o presidente "moderar, passar a tentar a se acertar, o Brasil ganha com isso e nas eleições faz sua mão saneadora", no caso do impeachment não ser concluído.

"Se não moderar, tem esse mecanismo que evita curto-circuito e acabou, por aí o país também se reconcilia. É indesculpável não avaliar isso", defendeu.

Ano passado, Rodrigo Maia estava à frente da Câmara dos Deputados e não aceitou os pedidos de impeachment contra Bolsonaro. Atualmente, o cargo é responsabilidade de Arthur Lira (PP-AL), que também não parece favorável ao processo de impedimento.

Sobre as manifestações de 7 de setembro, Ciro avaliou como uma tentativa de Bolsonaro parecer poderoso. "Como todo covarde e frouxo, essa demonstração de força é demonstração de fraqueza e isolamento", falou. Ele ainda apontou que políticos que apoiam o presidente, como o líder do Centão Ciro Nogueira e Arthur Lira, estavam ausentes.

"Os políticos antes de mais nada têm instinto de sobrevivência", apontou. Para o ex-governador, as falas de Bolsonaro são "aposta macabra e suicida, resta saber se é sincera ou mais um blefe. Os covardes costumam blefar".

Eleições de 2022

Após os atos de ontem, Ciro contou ter ligado para diversos colegas da política, como João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB), Marcelo Freixo (PSB). Guilherme Boulos (PSOL) e Luiz Henrique Mandetta (DEM). "Todos os democratas do Brasil precisam se reunir para proteger a democracia", reforçou.

O ex-ministro falou não ter alianças certas para as eleições de 2022, mas que está se esforçando para manter os laços. "Lula tem sua força, Bolsonaro tem o resto de sua força, tem gente rivalizando e, desses aí, estou melhor posto a dois anos das eleições", afirmou.

Para Ciro, o maior erro dos candidatos brasileiros é "fazer um juízo mesquinho do nosso povo". Na análise do político, a população está "comendo o pão que o diabo amassou" e disse que nunca viu "o espectro da fome tão pesado quanto agora".

"O Bolsonaro do jeito que está no Nordeste vai sair devendo ponto no Ibope. As pessoas são frágeis, pobres e humildes, mas têm dignidade. O apelo por mudança é maior aqui do que em qualquer lugar do Brasil", completou.