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Paes vê Bolsonaro com postura golpista e diz que ele 'passou do ponto'

O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) - Beth Santos/Prefeitura do Rio
O prefeito do Rio, Eduardo Paes (PSD) Imagem: Beth Santos/Prefeitura do Rio

Marcela Lemos

Colaboração para o UOL, no Rio

08/09/2021 16h49

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), criticou hoje as declarações do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) durante os atos de 7 de Setembro.

Ele avaliou que a postura do presidente é "antidemocrática, golpista e equivocada". Bolsonaro está passando "um pouco do aceitável", disse o prefeito sem contudo citar um eventual impeachment.

"O que acho grave é a postura do presidente da República, a postura dele é antidemocrática, golpista, enfim, equivocada. Pela posição que ele ocupa, ele não podia estar disputando ou fazendo luta política com instituições, com o ministro do Supremo Tribunal Federal."

"Eu discordo pra caramba de várias decisões judiciais, mas eu respeito, pois a gente tem a liturgia dos cargos (...) O que acho lamentável são as manifestações do presidente da República, acho que vai passando um pouco do aceitável. A gente conhece o estilo do presidente, respeita, mas afrontar as instituições me parece que passa do ponto
Eduardo Paes, prefeito do Rio

No ato de ontem na Avenida Paulista, Bolsonaro declarou que não aceitará decisões do ministro do STF Alexandre de Moraes e chegou a se referir a ele como "canalha".

Durante a campanha eleitoral à Prefeitura do Rio, Paes (então filiado ao DEM) manteve um discurso cauteloso e evitou ataques ao presidente da República. Ele optou por uma estratégia de convivência sem polêmicas para não afastar a possibilidade de votos dos simpatizantes do bolsonarismo.

No entanto, na negociação para migrar para o PSD, o prefeito fez uma exigência a Gilberto Kassab, presidente da legenda. Paes disse que só mudaria de partido, se Kassab se comprometesse a não apoiar Jair Bolsonaro em 2022.

Em entrevista ao UOL no mês passado, Paes se disse contra eventual impeachment de Bolsonaro. Na ocasião, o prefeito argumentou que prefere a estabilidade no sistema político.

Paes avaliou ainda os atos que ocorreram pelo país.

"Eu não critico manifestação, manifestação é normal. O que eu vi foram pessoas indo para as ruas defender suas pautas, por mais que eu discorde delas, eu vejo o direito de elas defenderem suas pautas (...) Eu discordo frontalmente da opinião das pessoas que pedem golpe militar. Me parece até uma pauta confusa: fala em liberdade e pede golpe militar, fala em democracia, mas fala em golpe militar. Eu acho super confusa aquela pauta, mas eu respeito."

No Rio, ocorrem dois atos: um contrário ao presidente, no centro do Rio, e outro de apoio a Bolsonaro, em Copacabana. A manifestação na zona sul reuniu milhares de pessoas na orla. Apoiadores do presidente gritaram palavras de ordem antidemocráticas e pediram o fechamento do STF.

Fabrício Queiroz, policial reformado denunciado como operador do esquema das "rachadinhas" do senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), foi ao local com a camisa do Brasil.

Já no centro do Rio, o ato contrário a Bolsonaro, que contou com menos manifestantes, pedia o impeachment do presidente e criticava principalmente a inflação, a fome no país e o número de mortos durante a pandemia de covid-19.