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Bolsonaro vai começar tiroteio contra o STF esta semana, diz Villa

Colaboração para o UOL

13/09/2021 14h59

O historiador e colunista do UOL, Marco Antonio Villa, disse que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) voltará a mirar seus ataques contra o STF (Supremo Tribunal Federal) a partir desta semana, devido ao fato da Corte analisar duas pautas importantes e sensíveis ao governo: a continuidade da votação do marco temporal das terras indígenas e o decreto do governo que ampliou o acesso a armas e munição no país.

Em entrevista ao UOL News, Villa destacou que "esta semana ele [Bolsonaro] vai começar o tiroteio contra o STF" por causa dessas duas pautas e ressaltou, ainda, o depoimento do advogado e empresário Marcos Tolentino da Silva à CPI da Covid, que também pode afetar diretamente o governo - hoje, a 15º Vara Federal de Brasília autorizou a Comissão a expedir, se necessário, um mandado de condução coercitiva para que ele compareça no Senado para prestar depoimento.

Tolentino, advogado de formação e dono da Rede Brasil de Televisão, teve seu nome associado às investigações da CPI depois de ser apontado como "sócio oculto" do FIB Bank. A empresa é responsável por oferecer uma garantia considerada irregular por senadores do colegiado no negócio de compra da vacina indiana Covaxin e seu depoimento é um dos mais aguardados.

A votação do marco temporal é apreciada pelo STF desde o final de agosto e discute a tese de que os indígenas só possam reivindicar demarcações das terras que estavam ocupando, comprovadamente, à época da promulgação da Constituição de 1988. Relator do caso, o ministro Edson Fachin votou contra essa proposta, ou seja, a favor dos povos indígenas. No final de semana, Bolsonaro afirmou que uma eventual decisão da Corte contrária ao marco temporal pode representar o "fim do agronegócio" no país.

Na semana passada, um dia depois das manifestações golpistas e antidemocráticas do 7 de setembro, o ministro Alexandre de Moraes liberou para julgamento os processos sobre a política armamentista do governo federal e, segundo a colunista do UOL, Carolina Brígido, a tendência é de que o STF derrube as normas que ampliam o porte de armas no país. Caso isso aconteça, significará uma derrota para Jair Bolsonaro que se elegeu em 2018 com a promessa de facilitar o acesso às armas e munições.

No UOL News de hoje, Marco Antonio Villa destacou que a junção de todas essas pautas "acabará com a paz" do presidente porque ele está em um "campo fora da democracia, que é o campo do nazifascismo".

Ainda, o historiador disse temer por uma eventual reeleição de Bolsonaro em 2022 porque ele irá "ensanguentar o sistema eleitoral" no país. Segundo o colunista, os vários discursos e falas do mandatário sobre inverdades contra as urnas configuram-se uma tática do governo para inflar sua base fiel de apoiadores caso ele seja derrotado nas eleições de 2022 - principalmente se ele sequer conseguir ir para o segundo turno.

"Teremos guerra civil em 2022. A origem disso é que você tem um grupo de milhares de militantes que vão agir nesse processo eleitoral de forma violenta", disse Villa, ressaltando temer conflitos mais violentos com "quebra-quebra e até mortes".

Para o historiador, esse "grupo é estimulado pelo Bolsonaro que diz ser uma farsa as eleições, as urnas... E ele irá perder [o pleito presidencial]. O que ele fará quando perder? Ele vai incendiar o Brasil. É ficção imaginar que o Bolsonaro vai respeitar o resultado das urnas", completou.