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Revista: Canais na mira do TSE receberam R$ 10 milhões do Youtube em 2 anos

Corregedor-geral do TSE, ministro Luis Felipe Salomão, determinou que plataformas digitais parem de remunerar canais e perfis que disseminam informações falsas - Shutterstock
Corregedor-geral do TSE, ministro Luis Felipe Salomão, determinou que plataformas digitais parem de remunerar canais e perfis que disseminam informações falsas Imagem: Shutterstock

Do UOL, em São Paulo

17/09/2021 09h57

Um relatório recebido pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostra que onze canais que estão na mira do tribunal por divulgação de fake news, especialmente com ataques ao sistema eleitoral, receberam mais de R$ 10 milhões de reais do Youtube entre janeiro de 2019 e agosto deste ano. As informações são da revista Veja e o valor não inclui pagamentos feitos por outras redes, como o Facebook, por exemplo.

De acordo com a reportagem, o canal bolsonarista que mais tem faturado com a divulgação desse tipo de conteúdo é o Folha Política, cujos donos são o casal Ernani Fernandes Barbosa Neto e Thais Raposo do Amaral Pinto Chaves — foram R$ 3 milhões recebidos pelo Youtube no período mencionado acima.

O canal tem 2,58 milhões de inscritos e mais de 1 bilhão de visualizações em cerca de 13 mil vídeos. Em um deles, segundo Veja, o ex-senador Magno Malta aparece afirmando que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) "desmascarou" o presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, enquanto o ministro tentava esconder um ataque hacker aos principais sistemas do tribunal, informação falsa. Nunca houve fraude comprovada nas eleições brasileiras desde a adoção da urna eletrônica.

Em agosto, o corregedor-geral do TSE, ministro Luis Felipe Salomão, determinou que plataformas digitais parem de remunerar canais e perfis que, segundo a decisão judicial, disseminam informações falsas sobre as eleições no Brasil — a Folha Política consta entre os alvos da determinação.

Conforme a Veja, os donos dos canais que tiveram seus rendimentos suspensos alegam sofrer censura ao ter seus sites inviabilizados financeiramente.

De acordo com a reportagem, o TSE estuda ainda criar uma regra para bloquear automaticamente os pagamentos a todos os canais que façam ataques ao sistema eleitoral, proibindo que, em 2022, ano eleitoral, obtenham lucro com a disseminação de fake news. O plano também inclui "sensibilizar" as plataformas para que façam uma autorregulação do conteúdo.

O YouTube informou à revista que, "no momento, não há nada específico com relação a atualizações nas políticas ligadas ao processo eleitoral".

MP das Fake News

Em derrota dupla para Bolsonaro, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e a ministra do STF (Supremo Tribunal Federal) Rosa Weber barraram na terça-feira (14) a MP (Medida Provisória) editada pelo chefe do Executivo federal que limita a retirada de conteúdos publicados nas redes sociais ao alterar o Marco Civil da Internet.

Segundo a MP assinada por Bolsonaro, as redes sociais não podem moderar por conta própria os conteúdos e excluir, suspender ou bloquear perfis ou postagens de acordo com as regras das empresas.

Para especialistas, a nova regra tem indícios de inconstitucionalidade e torna muito mais difícil combater as chamadas fake news (notícias falsas). Consequentemente, dificulta também o combate à desinformação.

Bolsonaro declarou que "fake news faz parte da vida" e defendeu não ser necessário que o governo crie uma forma de regular essa questão.