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Restringir divulgação de pesquisas é censura, diz diretor do Datafolha

Do UOL, em São Paulo

17/09/2021 13h08Atualizada em 17/09/2021 13h49

Para Mauro Paulino, diretor do Datafolha, é "inconstitucional, anacrônico e significa censura" o que está previsto no projeto do novo Código Eleitoral, aprovado na última quarta-feira (15) na Câmara, que restringe a divulgação de pesquisas de intenção de voto na véspera de eleições.

"O eleitor vai ficar a mercê da boataria, dos números falsos e vai ser a única vítima da censura", disse o diretor do instituto do UOL News, programa do Canal UOL.

O projeto do novo Código Eleitoral também elenca outras medidas, como a quarentena de quatro anos para policiais, militares, juízes e integrantes de promotorias que desejam se candidatar em pleitos.

Na avaliação de Mauro Paulino, caso a medida seja sancionada, embora a divulgação na véspera acabe ficando proibida, partidos e instituições financeiras continuarão a fazer pesquisas — "e saberão utilizar muito bem essa informação, que se tornará privilegiada", pontuou.

"É um absurdo total, uma coisa que não cabe mais nos dias de hoje", comentou. Na avaliação dele, porém, a tendência é de que o Senado "não vote a tempo de isso valer para as próximas eleições", o que já representa um alívio.

"É um desbalanceamento do processo democrático. Não serão todos os que terão acessos às informações, e os que terão serão os privilegiados de sempre: instituições financeiras, políticos e partidos", concluiu.

Ontem, porém, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), sinalizou a senadores a possibilidade da Casa votar a proposta ainda em setembro, o que faria com que o novo código eleitoral valesse já a partir de 2022, caso, em seguida, fosse sancionado até outubro.

Novos levantamentos

Hoje, o Datafolha divulgou mais uma pesquisa sobre as intenção de voto para 2022, mostrando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) segue à frente do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma simulação de segundo turno entre os dois: 56% a 31%.

Outras pesquisas, divulgadas entre ontem e hoje, mostram, por exemplo, que Bolsonaro piorou, ainda que dentro da margem de erro, a reprovação que tinha, alcançando 53%, um recorde no mandato dele.

Avaliando os resultados dos levantamentos, Paulino disse que as pesquisas mostram, mais uma vez, que os eleitores de perfil possuem um perfil "de classe média, branco e com escolaridade e renda alta".

Devido ao fato da reprovação não ter se elevado para além da margem erro, o diretor do Datafolha também avaliou que os atos de raiz golpista realizados em 7 de setembro "tiveram um impacto bem mais abaixo do que se esperava" para a popularidade de Bolsonaro.

"O conjunto dos resultados mostra mais uma estabilidade do que uma piora na avaliação [de Bolsonaro]", disse Paulino, destacando, porém, que o presidente segue em uma tendência de piora na forma como é avaliado pela população.