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Tebet: 'Descontrolada' está no inconsciente dos que acham a mulher inferior

Hanrrikson de Andrade e Thaís Augusto

Do UOL, em Brasília e em São Paulo

22/09/2021 10h54Atualizada em 22/09/2021 11h56

Depois de ter sido chamada de "descontrolada" ontem pelo ministro da CGU, Wagner Rosário, a senadora Simone Tebet (MDB-MS) afirmou hoje, na abertura da CPI da Covid, que palavras como essa estão no inconsciente de quem ainda pensa que mulheres são inferiores aos homens.

Essa palavra não vem à toa. Ela está no inconsciente daqueles que ainda acham que as mulheres são menores, inferiores. Essa palavra nos toca muito fortemente. Não agridam mulheres que são porta-vozes de outras mulheres. Jamais digam que, quando ela eleva a voz, é histérica ou descontrolada."
Simone Tebet (MDB-MS)

Simone fez um discurso de defesa da mulher, crítica ao machismo estrutural na sociedade e observou que o episódio de ontem tem um caráter "educacional".

Ontem, durante embate em depoimento ao colegiado, Wagner Rosário, chefe da Controladoria-Geral da União, disse que a emedebista estava "totalmente descontrolada".

Não me chame de menino mimado, eu não lhe agredi. A senhora está totalmente descontrolada."
Wagner Rosário, ministro da CGU

A fala causou reação imediata dos senadores, que chamaram Rosário de "machista" e "moleque". Após bate-boca, a sessão foi encerrada. Posteriormente, em mensagem postada no Twitter, o ministro pediu desculpas a Simone.

"Podem nos chamar de feias, gordas, velhas. Sabemos nos defender disso tudo, mas é histórico: quando as mulheres passaram a buscar espaços de poder, ela começou a ser taxada de histérica, louca, descontrolada. Até o século passado, nos éramos internadas em manicômios", afirmou a congressista.

Na fala de hoje, Tebet também agradeceu o presidente da CPI, senador Omar Aziz (PSD-AM), por dar "voz" e "vez" às senadoras. Ela estendeu os agradecimentos aos colegas e disse que as mulheres brasileiras "se encontram muito bem representadas no Senado".

"É importante reconhecer que foi espontâneo, automático, foi em coletivo", acrescentou ela em referência a reação dos senadores após fala do ministro.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.