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Advogada nega que médicos tenham mudado dados para prejudicar Prevent

Do UOL, em São Paulo

28/09/2021 13h43Atualizada em 28/09/2021 16h40

A advogada Bruna Morato, que representa 12 médicos e ex-médicos da Prevent Senior, negou que os profissionais tenham alterado uma tabela com número de óbitos por covid-19 entre os que foram incluídos em um estudo realizado em um hospital da rede.

Bruna Morato rebateu a declaração de Pedro Batista Júnior, diretor-executivo da Prevent Senior, de que os médicos tenham feito a mudança na tabela com o objetivo de prejudicar a operadora de saúde.

O dr. Pedro Batista também fez uma informação, prestou uma informação um tanto quanto equivocada com relação aos nomes que foram divulgados. Eu disponibilizei a tabela com o nome dos participantes e fiz a verificação de cada um dos óbitos. As nove pessoas que estavam na tabela continuam falecidas".
Bruna Morato, advogada dos médicos que denunciam a Prevent Senior

Em depoimento na semana passada, o diretor-executivo da Prevent afirmou que mensagens e planilhas de acompanhamento de pacientes foram manipuladas e vazadas por um casal de médicos desligados da firma em julho de 2020.

"(...) [Eles] manipularam dados de uma planilha interna, que era uma planilha de acompanhamento de pacientes, para tentar comprometer a operadora. Esses profissionais então, já desligados, passaram a acessar e editar o referido arquivo, culminando no compartilhamento da planilha com a advogada B.M., em 28 de agosto."

Júnior relatou que as provas e evidências foram analisadas pela Agência Nacional de Saúde Complementar. O órgão supostamente teria chancelado a inexistência de infração por parte da Prevent.

O que diz a Prevent Senior

Procurada pelo UOL, a Prevent Senior afirmou hoje que o depoimento da advogada Bruna Morato à comissão "confirma que se tratam de acusações infundadas, que têm como base mensagens truncadas ou editadas vazadas à imprensa e serão desmontadas ao longo das investigações". Disse ainda que "estranha o fato" de ela manter os autores da acusações sob anonimato e que não teve acesso aos autos da CPI para fazer sua ampla defesa.

A Prevent afirmou que a advogada já havia levado o "mesmo teor dessas imputações" à empresa antes da CPI para tentar fechar um acordo para não levar o caso à comissão.

À reportagem, Bruna confirmou a tentativa de acordo. Segundo ela, o acordo procurado não envolvia dinheiro. Segundo ela, a intenção era que a empresa reconhecesse dois pontos relativos a ações tomadas, como o estímulo ao chamado kit covid, e ajudasse os profissionais em eventuais processos que sofressem por conta do trabalho realizado na rede. Ou seja, os médicos também querem se defender de eventuais acusações de má conduta ética.

Na nota de hoje, a Prevent voltou também a dizer que sempre respeitou a autonomia dos médicos, "nunca demitindo profissionais por causa de suas convicções técnicas".

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.