CPI da Covid cria canal para receber denúncias sobre 'tratamento precoce'
A CPI da Covid, que apura ações do governo federal durante a pandemia, criou um canal para receber denúncias relacionadas a recomendação e uso do chamado "tratamento precoce" contra a covid-19 — medicamentos sem comprovação científica contra a doença.
O requerimento, de autoria do senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE), foi aprovado na sessão de hoje. O parlamentar justificou o pedido com base nas denúncias apresentadas contra a empresa Prevent Senior.
Na terça-feira (28), os senadores ouviram o depoimento da advogada Bruna Morato, representante de grupo de médicos que elaborou dossiê acusando a operadora de saúde de supostas irregularidades.
Na comissão, a advogada relatou que profissionais eram obrigados a prescrever o chamado "kit covid" para pacientes da rede. Segundo ela, havia coerção e ameaças de demissão para funcionários que se posicionassem contra as medidas.
"Considerando-se que esta Comissão Parlamentar de Inquérito tem se debruçado sobre a investigação de práticas abusivas e ilícitas ocorridas durante o cenário da pandemia ocasionada pelo novo coronavírus e diante da alta visibilidade que seus trabalhos têm apresentado, considera-se oportuna a criação de um canal institucional para receber denúncias relativas à indicação e à execução de tratamento precoce para o combate à covid-19", diz Vieira, no requerimento.
Nas redes sociais, o vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou que o e-mail cpipandemia.denuncias@senado.leg.br será o canal para receber "denúncias de cidadãos a respeito da recomendação e execução de 'tratamento precoce' no contexto da pandemia."
Em outros requerimentos aprovados hoje, a comissão parlamentar convocou dois médicos ex-funcionários da Prevent Senior para deporem sobre as acusações feitas à empresa.
O Ministério Público de São Paulo instaurou força-tarefa para também apurar possíveis irregularidades da empresa, e já começou a receber documentos levantados pela CPI no Senado.
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