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Após decisão da ANS, Prevent Senior diz que 'corrigirá eventuais problemas'

24.set.2021 - Movimentação em prédio da Prevent Senior localizado na Avenida Ibirapuera, na zona sul de São Paulo - Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo
24.set.2021 - Movimentação em prédio da Prevent Senior localizado na Avenida Ibirapuera, na zona sul de São Paulo Imagem: Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

Luciana Amaral e Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

06/10/2021 14h05Atualizada em 06/10/2021 14h38

Após decisão da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) de vigiar de forma mais próxima a Prevent Senior, a operadora de saúde sob suspeita de série de irregularidades afirmou que "corrigirá eventuais problemas ocorridos nos momentos mais críticos da pandemia apontados pela agência".

A medida da ANS consiste em uma espécie de intervenção não executiva da agência —isto é, sem poder de gestão— dentro da Prevent Senior, mas com vigilância contínua e direta em relação a procedimentos adotados na rotina de trabalho de médicos e profissionais de saúde.

A sanção é também um cerco à prescrição do chamado "kit covid", conjunto de remédios dos quais a Prevent é entusiasta, mas que não tem eficácia no tratamento contra o novo coronavírus. A operadora já foi autuada pela ANS por esse motivo, responde ainda a quatro processos na agência e está na mira da CPI da Covid.

Em nota, a Prevent afirmou não ter tomado conhecimento oficial da decisão da ANS anunciada hoje na CPI da Covid. O colegiado ouve, em depoimento, o diretor-presidente da agência, Paulo Roberto Vanderlei Rebello Filho.

A Prevent ainda voltou a dizer que as denúncias são "infundadas" e defendeu que já passou por fiscalização de técnicos da agência. Na época, diz a Prevent, a empresa "apresentou diversos documentos que ainda deverão ser analisados pela agência".

A operadora de saúde argumentou que os documentos mostram que "sempre atuou dentro dos princípios éticos e normas regulatórias", mas que "corrigirá eventuais problemas ocorridos nos momentos mais críticos da pandemia apontados pela agências".

No texto enviado à imprensa, a Prevent afirmou não haver "anormalidades ou riscos assistenciais" a clientes. Rebello também disse que a intervenção não resultará em consequências para os beneficiários da operadora de saúde.

Segundo Rebello, o esquema de vigilância deve começar em 14 de outubro. O órgão deve designar o diretor técnico que vai acompanhar a Prevent tão logo seja finalizada uma nota preliminar, etapa que antecede o envio de notificação à empresa.

Ainda segundo o diretor-presidente da ANS, as informações obtidas durante esse processo serão usadas para análise técnica, "subsidiando decisões sobre eventuais medidas que possam ser tomadas pela agência".

"O acompanhamento próximo não tem como objetivo final tirar a operadora do mercado, mas garantir qualidade assistencial aos beneficiários", destacou.

A oposição na CPI da Covid enxerga "omissão" por parte da ANS nas denúncias contra a Prevent Sênior.

Veja a íntegra da nota da Prevent Senior:

"A Prevent Senior não tomou conhecimento oficial da decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A empresa passou por uma fiscalização in loco por técnicos da agência. Na ocasião, a operadora apresentou diversos documentos que ainda deverão ser analisados pela agência. Os documentos atestam que a Prevent Senior sempre atuou dentro dos princípios éticos e normas regulatórias. Entretanto, a empresa corrigirá eventuais problemas ocorridos nos momentos mais críticos da pandemia apontados pela agência. Para os beneficiários, inexistem quaisquer anormalidades ou riscos assistenciais. A empresa tem solidez para continuar garantindo o atendimento reconhecido como de excelência por mais de 90% de seus beneficiários. A empresa reitera que as denúncias que sofreu são infundadas. A verdade dos fatos será restabelecida por investigações técnicas como as realizadas pela ANS."

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.