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'Nós temos um Marcelo Queiroga que se 'Pazuellou'', diz Randolfe

Colaboração para o UOL

07/10/2021 19h49

A terceira convocação do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, à CPI da Covid tem como objetivo apurar a suspeita de interferência da pasta na Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias), diz o vice-presidente da comissão, Randolfe Rodrigues (Rede-AP).

Em entrevista ao UOL News, o senador classifica como "atitude vergonhosa" o adiamento da decisão do órgão que poderia suspender em definitivo o uso de hidroxicloroquina e cloroquina como tratamento para pacientes com covid-19.

"Aquele Marcelo Queiroga que antes de se tornar ministro, e até no começo do exercício de seu magistrado, que inaugurou inclusive defendendo vacinas, ele não existe mais. Nós temos um Marcelo Queiroga que se 'Pazuellou', se tornou algo muito parecido com Pazuello", afirma Randolfe.

"A cada dia que fica no ministério seguindo as ordens de Jair Bolsonaro, ele mancha mais o jaleco; ele rasga uma página do juramento de Hipócrates", completa.

O parlamentar diz que a convocação do ministro, que teve o novo depoimento marcado para o dia 18 de outubro, busca investigar "qual Queiroga" se apresentará ao Senado.

"Nós não queremos ter que ouvir o Ministério da Saúde no meio de uma pandemia pela terceira vez, mas ele tem que fazer o serviço certo, tem que deixar a Conitec trabalhar", diz o senador.

'Banalidade do mal'

A CPI da Covid ouviu hoje o médico Walter Correa de Souza Neto, ex-funcionário da Prevent Senior, e o advogado Tadeu Frederico Andrade, ex-paciente com covid-19 que foi tratado em hospitais da operadora de saúde.

No depoimento, eles relataram supostas fraudes praticadas pela empresa e reafirmaram suspeitas já apresentadas anteriormente à comissão. O médico também confirmou pressão pelo uso do kit covid, formado por medicamentos sem eficácia comprovada contra a doença, em pacientes.

Randolfe Rodrigues afirma que, na reta final da comissão parlamentar de inquérito, fica evidente a relação da Prevent Senior com o chamado gabinete paralelo, que aconselharia Jair Bolsonaro (sem pandemia) sobre ações da pandemia.

"A Prevent era o laboratório da estratégia de banalidade do mal do presidente da República", diz. "Não existe possibilidade do presidente não ser indiciado ao final do relatório — e por vários crimes, que estão todos patentes e caracterizados."

"Ocorreu uma espécie de engrenagem maligna, macabra, estruturada do presidente da República com o gabinete que, na prática, funcionava e respondia pela pandemia, tendo a Prevent como uma espécie de laboratório dessa estratégia macabra."