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600 mil mortos: Bolsonaro diz que houve 'potencialização na tal pandemia'

Do UOL, em São Paulo

08/10/2021 18h34Atualizada em 09/10/2021 01h23

No dia em que o Brasil atingiu a marca dos 600 mil mortos em decorrência da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse ter havido "potencialização" e "politização" em relação às centenas de milhares de vidas perdidas. A declaração foi feita pelo mandatário enquanto participava da abertura da 1ª Feira Brasileira do Nióbio, realizada em Campinas (SP).

Em parte dá certo o nosso governo --não vou falar que é tudo 100%--, apesar da tal da pandemia, que houve uma potencialização, em que pesem as mortes. Lamentamos todas as mortes, mas houve uma politização enorme... Bolsonaro sobre vidas perdidas durante a pandemia da covid

Em junho, Bolsonaro também chegou a dizer que o TCU (Tribunal de Contas da União) havia identificado excesso e notificações da doença. O tribunal, no entanto, desmentiu o presidente e afirmou que o documento citado por Bolsonaro nunca foi anexado a nenhum sistema do TCU. O relatório paralelo foi produzido pelo auditor Alexandre Figueiredo Costa Silva Marques, que acabou afastado do órgão.

Um estudo publicado em maio pela Vital Strategies, uma organização de pesquisadores de saúde, aponta justamente o contrário do que insinua o presidente: a subnotificação de casos de covid-19 por causa da falta de testes poderia estar escondendo até 30% das mortes pela doença.

O Brasil superou hoje a marca de 600.077 mortes por covid-19, conforme levantamento feito pelo consórcio de veículos de imprensa, do qual o UOL faz parte, junto às secretarias estaduais de Saúde. O País se tornou o segundo no mundo a superar essa marca, atrás apenas dos Estados Unidos.

O número é atingido em um momento de arrefecimento da doença diante do avanço da vacinação, apesar do temor pela propagação da variante delta, considerada mais transmissível.

Durante o seu discurso, no evento, o presidente Bolsonaro também voltou a dizer (sem apresentar dados) que o Brasil é o país que menos sofreu com a pandemia do coronavírus.

O Brasil é um dos países que menos sofreu na economia por ocasião da pandemia. Tomamos as medidas que tomamos naquele momento. Eu fui aleijado (sic) naquele momento por ter um plano para combater a pandemia. O Poder foi dado a governadores e prefeitos. É fácil falar depois que acontece, mas eu sempre disse: 'não podemos dissociar o combate ao desemprego do combate ao vírus'. Se era para achatar a curva, que curva era essa que durou mais de um ano? As consequências estão aí. 'Fica Em Casa; depois a economia a gente vê depois'.

Evento após corte no orçamento

Nesta sexta-feira, o governo de Bolsonaro realizou ainda a inauguração de novas instalações do CNPEM/MCTI (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais/Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações), no interior de São Paulo, além de apresentar produtos já desenvolvidos pelas empresas em conjunto com a academia, voltados para a aplicação do mineral.

Foram entregues ainda novas instalações do Laboratório Nacional de Nanotecnologia. O espaço é dedicado à pesquisa de nanodispositivos e nanossistemas que possibilitam desenvolvimento nas áreas da saúde, meio ambiente, agricultura e energia.

O evento foi realizado um dia depois do Ministério da Economia desistir de aumentar em mais de R$ 650 milhões os recursos para projetos de ciência e tecnologia neste ano, sob a alegação de que a proposta de Orçamento para 2022 aumentará consideravelmente os recursos para projetos de pesquisa. A divisão do dinheiro com outras áreas frustrou pesquisadores.

Frustrado, o ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, cobrou mais dinheiro para a pasta durante o seu discurso.

A gente precisa desses três elementos: Ontem não foi um dia muito bom, com relação a orçamento, falando no ministério. Mas a vida da gente é assim: tem um dia bom, outro dia ruim. E eu tenho certeza que, com o apoio do presidente Bolsonaro, nós vamos conseguir recuperar o orçamento do ministério e aumentar esse orçamento. Porque é através desse investimento é que vamos construir o Brasil. Pontes reclama do corte no orçamento de ministério