Topo

Esse conteúdo é antigo

Lula explica ausência em atos por impeachment e vê 'insanidade' em críticas

Lucas Valença*

Do UOL, em Brasília

08/10/2021 14h14Atualizada em 08/10/2021 17h59

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse hoje, em evento em Brasília, que não compareceu a atos pelo impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) porque ainda não se sente seguro com a pandemia do novo coronavírus e por não querer transformar as manifestações em atos eleitoreiros. Ele disse avaliar a participação nos protestos programados para o dia 15 de novembro.

Lula ainda disse que é "insanidade" afirmar que sua ausência significa que o PT não apoia o impeachment, uma vez que em sua avaliação o partido sempre se colocou de forma clara contra Bolsonaro. Ele ainda cobrou o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

"Dizer que o PT é contra o impeachment é de uma insanidade... A pessoa que fala que o PT é contra o impeachment poderia perguntar porque o Lira não coloca em votação. Não é a Gleisi [Hoffmann, presidente do PT] que pode colocar em votação, ela está magrinha de tanto gritar impeachment, fora Bolsonaro", disse.

"O PT não precisa, sinceramente [destas críticas]... É o único partido político que não tem que dizer que é o fora Bolsonaro e quer impeachment. O presidente da Câmara tem mais de 130 pedidos e pode colocar pelo menos um [para andar no Congresso]", completou.

Para Lula, existe diferenças entre subir nos palanques dos atos quando se lidera pesquisas eleitorais. A um ano das eleições, o petista aparece em vantagem em todos os cenários traçados por institutos como o Datafolha.

"Não queria e não vou contribuir para transformar atos em atos políticos porque a hora que eu subir no caminhão estará subindo o primeiro colocado em todas as pesquisas de opinião pública que pode ganhar no 1º turno", disse.

"Uma coisa é subir no caminhão um candidato que tem 2% dos votos, Outra coisa é subir no caminhão um candidato que tem 47%, 45%, 51%, 53% [das intenções de voto].... Depende do viés da pesquisa. Tenho essa responsabilidade, porque quando eu subir no caminhão não é para descer mais", completou.

A última pesquisa Datafolha, divulgada no dia 17 de setembro, mostra Lula liderando o cenário geral do primeiro turno com 44% das intenções de voto contra 26% de Jair Bolsonaro. Em um eventual segundo turno, a vantagem do petista contra o atual presidente seria de 56% a 31%. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.

Alguns críticos de Lula e Bolsonaro que buscam viabilizar um chamada 'terceira via' dizem que a ausência do petista nos protestos poderia significar uma postura tendo em vista as eleições de 2022, uma vez que nesta análise a polarização com o atual presidente seria positiva para as pretensões do provável candidato do PT. Lula ainda não oficializou sua candidatura.

Pandemia e atos de 15 de novembro

Lula ainda citou conselhos de pessoas próximas com experiência na área de saúde, como o ex-ministro Alexandre Padilha, para não ir a protestos por causa de questões sanitárias.

"Eles que falam 'presidente você não deve ir, enquanto não houver segurança científica. Você já tem 75 anos de vida, idade de risco, não deve ir, não vai fazer falta porque estará representado por Gleisi'", disse.

O ex-presidente ainda disse que pode ir no ato que está sendo organizado para o dia 15 de novembro, mas que a sua participação depende da data de uma viagem que fará para a Europa.

"Estou com muita vontade de ir, mas estou com cuidado e não sei se vou no dia 15, vai depender do momento e circunstância. Só estou dizendo que quando for, eu não saio mais do palanque", disse.

*Colaborou Fábio Castanho, de São Paulo