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Renan deveria ter vergonha, diz Flávio sobre pedido para indiciar Bolsonaro

Do UOL, em São Paulo

15/10/2021 14h06

O senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) criticou hoje, em entrevista à CNN Brasil, o relator da CPI da Covid, Renan Calheiros (MDB-AL), pela intenção de pedir o indiciamento do seu pai, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), por 11 possíveis crimes no relatório final da comissão que investiga a conduta do Governo Federal na pandemia do novo coronavírus.

Segundo Flávio, o relator "deveria ter vergonha" por colocar no relatório um pedido de indiciamento por genocídio. Ele reclamou de uma possível politização da comissão, que apresentará na próxima semana o relatório final.

"Houve sim uma politização exagerada, e não é por parte do presidente Bolsonaro, é por parte de quem não gosta dele, é por parte de quem não está nem aí pro Brasil e só pensa em atacar o presidente Bolsonaro", disse.

"Não adianta querer achar um responsável. Quando o Renan Calheiros bota em seu relatório uma tentativa de indiciar o presidente por genocídio, ele tinha que ter vergonha disso. O Renan Calheiros não está nem aí para população, ele está pensando em 2022", completou.

Flávio Bolsonaro também emitiu uma nota em que afirma que o relatório de Renan Calheiros "é uma alucinação, não se sustenta e é um desrespeito com as quase 600 mil vítimas da Covid que esperavam algo útil da CPI".

As declarações de Flávio ocorrem depois que Renan confirmou, em entrevista para a rádio CBN, que colocou em seu relatório 11 possíveis crimes de Bolsonaro. O texto está sendo revisado por outros membros da comissão e ainda pode sofrer alterações antes da apresentação oficial.

Segundo Renan, os possíveis crimes de Bolsonaro são: epidemia com resultado morte; infração de medidas sanitárias; emprego irregular de verba pública; incitação ao crime; falsificação de documento particular; charlatanismo; prevaricação; genocídio de indígenas; crimes contra a humanidade; crimes de responsabilidade; e homicídio por omissão.

Para Flávio Bolsonaro, o pai não pode ser responsabilizado por sua conduta na pandemia. O relatório deve conter detalhes apurados na comissão, sendo que opositores acusam o presidente, entre outras coisas, de demora na compra de vacinas e incentivo à prescrição de medicamentos ineficazes contra a covid-19, como a hidroxicloroquina.

"Algum governante já lidou com pandemia no Brasil? Querem cobrar do presidente Bolsonaro uma postura de respostas como se tivéssemos em tempos normais. Não é fácil tomar decisões. Então quando aparecia alguma coisa que dava esperança pra população o presidente Bolsonaro acreditava naquilo e buscava celeridade", disse Flávio Bolsonaro.

Fake news

Entre os possíveis crimes citados por Renan Calheiros, Flávio Bolsonaro rebateu a suspeita de incitação ao crime pelo compartilhamento de notícias falsas sobre a pandemia.

"Eu, nem o presidente da República, nem ninguém da família [espalhou fake news]. O Renan Calheiros é uma pessoa que adora descontextualizar as coisas e criar narrativas. Nada melhor para o governo que ter alguém com o perfil de Renan Calheiros como relator de um assunto importante como esse porque, falando eleitoralmente, ele não tem nenhum crédito para tratar disso", disse.

Flávio Bolsonaro ainda tentou desacreditar o relatório antes de sua divulgação. "Nada que se coloque agora nesse relatório pode ser chamado de conclusivo. Nem para um lado nem para o outro. A CPI já foi uma iniciativa política precipitada para tentar antecipar 2022. É óbvio que não há propagação de fake news da nossa parte. Agora, por parte do Renan Calheiros e de outros membros da CPI, alguns poucos, isso tem de montão", disse.

Os pedidos de indiciamento são enviados para a Procuradoria-Geral da República quando o acusado tem a prerrogativa de foro especial. Nos casos de crime de responsabilidade, a apreciação cabe à Câmara. Os demais casos são encaminhados a instâncias inferiores do Ministério Público Federal. Cada órgão segue um rito próprio para decidir se aceitará os indiciamentos dos nomes apontados pela CPI.

A CPI da Covid foi criada no Senado após determinação do Supremo. A comissão, formada por 11 senadores (maioria era independente ou de oposição), investigou ações e omissões do governo Bolsonaro na pandemia do coronavírus e repasses federais a estados e municípios. Teve duração de seis meses. Seu relatório final foi enviado ao Ministério Público para eventuais criminalizações.