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Peso nas prévias do PSDB faz Doria e Leite concentrarem agenda em SP

Governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), então candidatos em 2018, e hoje pré-candidatos à Presidência pelo partido - Pedro Ladeira/Folhapress
Governadores João Doria (PSDB-SP) e Eduardo Leite (PSDB-RS), então candidatos em 2018, e hoje pré-candidatos à Presidência pelo partido Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Felipe Pereira

Do UOL, em São Paulo*

23/10/2021 04h00

De cada cinco filiados ao PSDB no Brasil, um está em São Paulo, segundo o site do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A concentração de tucanos faz que os dois principais concorrentes nas prévias do partido para a eleição da presidência da República dediquem muitos esforços e tempo ao estado.

Este será o terceiro fim de semana seguido que o governador de São Paulo, João Doria, vai percorrer o interior paulista. Não estará sozinho. Eduardo Leite, governador do Rio Grande do Sul e principal rival, viaja a Sorocaba. No domingo passado, Doria esteve na Baixada Santista e Leite visitou Santo André e a capital.

O primeiro turno das prévias do PSDB está marcado para 21 de novembro. O segundo, para o dia 28. Além dos dois governadores, o ex-senador Arthur Virgílio Neto, do Amazonas, também está concorrendo, mas suas chances são consideradas remotas.

A importância de São Paulo na definição da disputa balizou a estratégia dos dois principais nomes nas últimas semanas. Antes de a campanha começar, a equipe de Doria ressaltava que 27% dos vereadores, 28% dos vice-prefeitos e 41% dos prefeitos do partido estão no estado que ele governa há três anos.

A expectativa é que uma vitória por larga margem possa conduzir Doria a concorrer à presidência em 2022.

O presidente do PSDB-SP, Marco Vinholi, que é aliado de Doria e ocupa a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Regional —em contato direto com os municípios—, espera votação expressiva.

"O PSDB-SP tem um peso extremamente relevante nas prévias do partido. Dentro desse contexto, já se manifestaram 99,3% dos prefeitos e vice-prefeitos a favor do governador João Doria, além da imensa maioria dos vereadores e filiados", declarou Vinholi.

A ênfase em prefeitos e vices ocorre porque as prévias do PSDB dividem o eleitorado em quatro grupos, cada um com 25% de peso no resultado. Ocupantes destes dois cargos formam um dos grupos.

Prévias PSDB - Arte/ UOL - Arte/ UOL
Imagem: Arte/ UOL

Como acontece na política atualmente, qualquer notícia vai para o WhatsApp. Nos grupos de apoio a Doria, circula uma imagem informando que 99% dos prefeitos e vice-prefeitos do estado estão com o governador de São Paulo. A afirmação, um tanto exagerada, remete a uma carta de apoio assinada por 230 prefeitos (97% do total em SP) e 119 (81% do total em SP) vice-prefeitos tucanos.

Adversários de Doria, no entanto, minimizam o peso do documento. Justificam que dezenas de signatários entraram no PSDB depois de 31 de maio, prazo limite para estarem aptos a votar. Um dossiê foi entregue ao diretório nacional na sexta (21), que afirmou que vai investigar o caso.

Leite depende menos de SP, dizem aliados

Se Doria conta com o fato de administrar o estado mais representativo no PSDB, a equipe de Leite contra-ataca dizendo que ele tem apoio de mais diretórios e estados no restante do país. Apesar disso, o governador gaúcho está concentrando compromissos em território paulista —e até alfinetou Doria por aqui.

Um dos primeiros aliados do governador do Rio Grande do Sul em São Paulo, o vereador Xexéu Tripoli afirma que cálculos internos demonstram que, para vencer as prévias, ele tem de obter 20% dos votos no estado de São Paulo.

"Eu acho que 20% o Eduardo Leite já tem. Acredito que vai ser uma surpresa a votação dele em São Paulo", disse o parlamentar ao UOL.

Xexéu Tripoli avalia que Leite está bem posicionado no ABC paulista, Baixada Santista e Vale do Paraíba, região de nascimento do ex-governador Geraldo Alckmin, desafeto de Doria que está prestes a sair do partido e tem trabalhado nos bastidores pela candidatura do governador gaúcho. O ex-governador ainda conta com apoio no interior do estado.

Pessoas que trabalham pelo governador gaúcho alegam que há aliados fazendo campanha em todas as regiões de São Paulo. Eles dizem que muitas vezes o trabalho é silencioso para não haver intrigas internas.

As viagens de Leite para o estado têm irritado apoiadores de Doria, que ironizam dizendo que o Piratini —sede do governo gaúcho— está abandonado.

Declarações dos tucanos notórios

A expectativa é que lideranças locais assumam sua posição depois do feriado de Finados, mais perto da data do primeiro turno das prévias. Uma situação com potencial para mudar o panorama é a adesão de tucanos notórios. O apoio da senadora Mara Gabrilii (PSDB-SP) está sendo disputado por Leite e Doria.

Outro nome forte é do governador de Mato Grosso do Sul, Renato Azambuja. Ele é o único governador do partido fora das prévias. Declarações de voto de figuras como estas são carregadas de simbolismo e capazes de fazer muitas pessoas decidirem quem vão escolher. O raciocínio é que as prévias são uma disputa para unir o partido e a adesão de nomes grandes sugere que o nome apoiado tem muita capacidade de aglutinar forças.

Por enquanto, os dois principais nomes das prévias continuam percorrendo o interior paulista. No domingo (24), Doria estará em Ribeirão Preto. Eduardo Leite vai a Sorocaba.

Após São Paulo, os estados com mais peso nas prévias são Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, de Azambuja.

*(Colaborou Lucas Borges Teixeira)