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Após decisões da Justiça, Terça Livre encerra atividades, diz fundador

Italo Lorenzon, um dos fundadores do Terça Livre - Reprodução
Italo Lorenzon, um dos fundadores do Terça Livre Imagem: Reprodução

Do UOL, em Brasília

23/10/2021 12h12Atualizada em 23/10/2021 20h15

O canal e blog conservador Terça Livre encerrou as atividades, anunciou ontem à noite um de seus fundadores, Italo Lorenzon, no Twitter.

A declaração aconteceu após série de decisões judiciais, como a determinação de exclusão do canal Terça Livre no YouTube pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, responsável pelas investigações sobre milícias digitais e suas atuações na perpetuação de fake news e de atentarem contra a democracia.

O blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, colega de Lorenzon, teve o seu perfil no Instagram bloqueado, e o canal Terça Livre no YouTube foi removido da plataforma neste mês.

Segundo o Facebook, empresa responsável por controlar o Instagram, o perfil de Allan foi bloqueado em "cumprimento de uma ordem judicial". Já o YouTube destacou que o "Terça Livre foi removido em cumprimento de uma decisão proferida em processo judicial, que está sob segredo de Justiça".

Na semana passada, o Twitter suspendeu a segunda conta de Allan dos Santos. O blogueiro contava com mais de 300 mil seguidores no novo perfil, após o original ter sido suspenso em 2020.

Ontem à noite, o canal Artigo 220, que retransmitia no YouTube conteúdo do Terça Livre, foi retirado do ar. Contas de perfis em outras redes sociais também foram suspensas.

Em nota, o Google disse que "o canal Artigo 220 foi removido em cumprimento a uma decisão proferida em processo judicial sob segredo de Justiça". O Twitter também se posicionou de maneira semelhante, e afirmou que "bloqueou as contas para atender a uma ordem judicial proveniente do Supremo Tribunal Federal (STF)". O Facebook disse que não vai comentar porque o caso está em segredo de Justiça. O UOL também entrou em contato com outras plataformas e aguarda posicionamento.

Há cerca de uma semana, em seu canal próprio no YouTube, Italo Lorenzon disse que o Terça Livre foi "silenciado" após as ordens judiciais e falou que o "Artigo 220" passaria a retransmitir o conteúdo do Terça Livre.

O Terça Livre completaria sete anos em novembro deste ano, disse. Atualmente, o site está indisponível.

Allan dos Santos está morando nos Estados Unidos, e, segundo a Polícia Federal, de forma ilegal, já que o seu visto estaria vencido.

Moraes também acionou o Ministério da Justiça e a embaixada do Brasil nos EUA para que o influenciador seja extraditado. O pedido de prisão preventiva foi feito pela PF no dia 16 de setembro, com o argumento de que Santos "prossegue praticando crimes" mesmo depois de deixar o Brasil.

Ontem, o blogueiro se manifestou pela primeira vez sobre a decisão de Moraes e afirmou que só se apresentará quando a Interpol agir.

Investigações

Uma investigação da PF (Polícia Federal) aponta que o blogueiro tentou influenciar o presidente Jair Bolsonaro e parlamentares da base a darem um golpe de Estado durante os atos antidemocráticos de 2020.

Allan dos Santos é investigado em dois inquéritos no STF por disseminação de fake news e ameaça e incitação ao crime contra autoridades. Em setembro, a ministra Rosa Weber determinou a manutenção da quebra dos sigilos telefônico, telemático, bancário e fiscal do blogueiro. Allan dos Santos é considerado uma espécie de líder informal das redes bolsonaristas, e muito ligado aos filhos do presidente Jair Bolsonaro.