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Bolsonaro e André Marinho batem boca após pergunta sobre 'rachadinha'

Do UOL, em São Paulo*

27/10/2021 14h09Atualizada em 27/10/2021 18h38

O presidente Jair Bolsonaro se irritou hoje com uma pergunta do humorista André Marinho, do programa Pânico, relacionada à 'rachadinha'. Ao ser questionado se "Rachador teria que ir para cadeia" durante o programa da TV Jovem Pan News, Bolsonaro respondeu com irritação.

"Marinho, você sabe que sou presidente da República e respondo sobre meus atos. Então, não vou aceitar provocação tua. Você recolha-se ao seu jornalismo", disse.

O humorista insistiu no assunto, dizendo que não se referia a Bolsonaro e sua família, mas o presidente continuou a discussão. "Seu pai quer a cadeira do Flávio Bolsonaro", disse, em referência ao pai do humorista, Paulo Marinho, que é suplente de Flavio Bolsonaro no Senado (veja mais abaixo).

No final do bate-boca, André Marinho disse que Bolsonaro era "tigrão com humorista e tchutchuca com STF (Supremo Tribunal Federal)".

A pergunta que gerou a discussão não fazia citação direta às suspeitas em relação à possível prática de 'rachadinha' em gabinetes ligados à família Bolsonaro, mas a referência ficou clara.

Confira a discussão na íntegra:

André Marinho- Presidente Bolsonaro, André Marinho aqui, uma honra revê-lo, você que muito além de nosso presidente da República é um verdadeiro mito, mas realmente está todo mundo muito preocupado com o retorno do PT ao poder. PT que vendeu o Governo para o Centrão, que comprou base parlamentar com emenda e tinha milícia digital para atacar opositor e fez indicação de cunho político para o STF. Ninguém quer ver voltar à tona aqui. Mas eu tenho uma denúncia de uma prática que vem ocorrendo no Rio de Janeiro onde nasci, onde ele militou na política, que são vários deputados nos seus gabinetes, PSB, PSOL, PT que estão roubando a torto e direito o salário de assessor e botando no próprio bolso, desviando dinheiro público. O PT inclusive é campeão deste ranking de peculato. Então presidente, eu te pergunto: rachador tem que ir para a cadeia ou não?"

Bolsonaro - Marinho, você sabe que sou presidente da República e respondo sobre meus atos. Então não vou aceitar provocação tua. Você recolha-se ao seu jornalismo. Não vou aceitar.

André Marinho - Assim o PT vai voltar, é só no PT

Bolsonaro - O seu pai é o maior interessado na cadeira do Flávio Bolsonaro, o teu pai quer a cadeira do Flavio Bolsonaro.

André Marinho - O PT presidente, ninguém falou de Flávio Bolsonaro.

Bolsonaro - Não tem mais conversa contigo.

André Marinho - Não tem? Então é isso... É tigrão com humorista e tchutchuca com STF né presidente, impressionante. Tchutchuca com STF

Adrilles, outro membro do programa, interrompeu a discussão e passou a elogiar o chefe do Executivo. Poucos minutos depois, André Marinho disse que o PT não poderia voltar ao poder. "Por isso, por favor, responda à pergunta", disse ao presidente. "Ou você só quer pergunta de bajulador?", acrescentou. Adrilles e Bolsonaro reagiram com gritos sobrepostos e o presidente deixou a entrevista.

Paulo Marinho é ex-aliado de Bolsonaro

André Marinho é filho do empresário Paulo Marinho, que é suplente do senador Flávio Bolsonaro (Patriota) e foi um dos principais aliados de Jair Bolsonaro durante a campanha presidencial de 2018.

Paulo Marinho afirmou, em reportagem da Folha de S.Paulo, que Flávio revelou a ele, em 2018, ter recebido informações privilegiadas da Polícia Federal (PF) sobre Fabrício Queiroz, um dos mais importantes assessores do então deputado estadual no Rio.

Segundo a reportagem, Flávio foi avisado com antecedência de que Queiroz, um de seus braços direitos no gabinete da Assembleia Legislativa, era alvo de uma investigação.

À época, o senador Flávio Bolsonaro negou que foi informado pela Polícia Federal sobre seu ex-assessor e disse que Marinho quer sua vaga no Congresso Nacional.

André Marinho já tinha frequentado o noticiário político recentemente ao fazer imitações durante um jantar com Michel Temer (MDB) com referências à carta de recuo de Bolsonaro após as ameaças golpistas de 7 de Setembro. Além do ex-presidente, que fez o esboço da carta, estavam presentes no jantar outros políticos e empresários.

Prática de rachadinha é crime

No começo de setembro, uma decisão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que tornou inelegível a candidatura de uma vereadora da cidade de São Paulo por praticar rachadinhas criou jurisprudência para futuras decisões da Justiça Eleitoral sobre o tema. A prática de rachadinha consiste quando um político desvia parte ou inteiramente os salários e benefícios de assessores parlamentares para si.

No caso das acusações de rachadinha que pesam contra o senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ) quando era deputado estadual, ele se defendeu no Ministério Público do Rio de Janeiro argumentando que seus assessores trabalharam principalmente durante as campanhas eleitorais. O caso do senador está parado na Segunda Turma do STF, que avalia o foro privilegiado do parlamentar.

Além de Flávio, o próprio presidente é suspeito de fazer uso da prática na época em que era deputado federal, bem como o filho 02 do mandatário, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ).

* Com informações do Estadão Conteúdo

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