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Bolsonaro critica aproximação de Moro com ex-ministros: 'Parece recalque'

Jair Bolsonaro e Sergio Moro podem se enfrentar nas eleições de 2022 - Adriano Machado/Reuters
Jair Bolsonaro e Sergio Moro podem se enfrentar nas eleições de 2022 Imagem: Adriano Machado/Reuters

Colaboração para o UOL, em Alagoas

26/11/2021 01h35

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou a aproximação do ex-ministro da Justiça Sergio Moro com ex-integrantes do governo. Ele apontou certo "recalque" do outrora aliado, que recentemente se filiou ao Podemos e é cotado para disputar a presidência da República nas eleições de 2022.

Em entrevista à RedeTV!, o mandatário, ao ser questionado sobre enfrentar seu ex-ministro no próximo pleito presidencial, ironizou as alianças feitas por Moro, por se "juntar" a ex-ministros, como o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, que foi chefe da Secretaria de Governo —ele também se filiou ao Podemos e pode ser vice em uma eventual chapa com Moro.

"O Sergio Moro não consegue conversar com as pessoas. E outra, [ele] está juntando ex-ministros meu, parece um recalque", iniciou.

"Não vou desejar boa sorte porque sei que o Brasil não estará bem com ele, mas o que acontecer, o que o povo decidir, as consequências o próprio povo vai sentir", afirmou.

Sergio Moro foi ministro da Justiça do governo Bolsonaro de 2019 a abril de 2020, quando deixou o cargo em meio a acusações de tentativas do presidente de interferir politicamente no comando da PF (Polícia Federal). Desde então, o ex-magistrado tem feito reiteradas críticas ao chefe do Executivo Federal, embora ressalte não se arrepender de ter integrado seu governo.

Carlos Alberto dos Santos Cruz ocupou a Secretaria de Governo de janeiro a junho de 2019. Após a saída da pasta, ele não tem economizado nas críticas feitas a Bolsonaro, a quem já classificou como desqualificado para o cargo que ocupa, além "de não possuir nenhuma característica militar, como o respeito a hierarquia, disciplina e lealdade".

Bolsonaro diz que ainda não se decidiu sobre reeleição

Na entrevista, Jair Bolsonaro repetiu o discurso de que não tem certeza se irá disputar a reeleição, mas que, mesmo que não concorra ao pleito, sua pretensão é não deixar que a esquerda volte ao poder, principalmente o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

"Não decidi ainda se vou disputar a reeleição ou não. O que quero para o Brasil não é eu ser reeleito, se porventura eu vir a ser candidato, é não deixar que a esquerda volte para o poder, porque se voltar será o fim de todos nós", declarou.

O presidente admitiu que o ambiente político está "polarizado" entre bolsonaristas e petistas e pontuou que, na atualidade, não enxerga um candidato de terceira via em oposição a ele e a Lula.

Ele diz que, ao contrário de 2018, quando optou por não participar dos debates, no próximo pleito ele pretende ir aos embates promovidos pelas emissoras de TV, desde que sejam feitos sem ataques pessoais aos seus familiares e amigos. Bolsonaro afirmou que tem seus quatro anos de mandato como trunfo eleitoral, enquanto Lula tem os oito anos de governo, mais o tempo em que Dilma Rousseff permaneceu no poder.

"Pretendo participar de debates, mas da minha parte não vai ter guerra. Tenho quatro anos de mandato para mostrar o que fiz. O Lula tem oito anos de mandato, mas o tempo da Dilma que ele também participou. Agora não posso aceitar provocações, coisas pessoais, porque aí você foge da finalidade de um bom debate", disse.

Sem partido para disputar a reeleição desde que deixou o PSL, e com o fracasso que foi sua tentativa de criar um partido próprio, o Aliança Pelo Brasil, Jair Bolsonaro já confirmou que se filiará ao PL, do ex-deputado Valdemar da Costa Neto, com quem afirma ter mantido "conversa de altíssimo nível". Ele declarou que foram superados "alguns obstáculos", como o fato de "uma meia dúzia" de integrantes da sigla estarem "ligados com a esquerda", e outra parte ao vice-governador de São Paulo, Rodrigo Garcia, que foi oficializado pelo PSDB como candidato ao governo do estado.

Para Bolsonaro, o partido ao qual ele se filiar precisa ter um candidato próprio ao governo de São Paulo, e um bom nome para o posto seria o do ministro de Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas. Segundo contou, eles já chegaram a falar sobre o assunto, e o ministro admitiu que cogita essa possibilidade, embora nada tenha sido confirmado até o momento.

O PL integra a base do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), e havia se comprometido a apoiar Garcia na disputa pela sua sucessão, em 2022.

Na quarta-feira (24), em entrevista ao canal ISTV, do Guarujá (SP), Bolsonaro disse que falou com Valdemar sobre isso.

"Eu falei: 'Valdemar, o estado que tem maior densidade eleitoral do país...' Eu tenho um possível candidato a governador por São Paulo, que está fora desse espectro. Eu falei: 'se a gente não acertar isso daí, esse casamento [filiação] não vai dar certo'. Então ficou a indicação de um nome nosso para o governo de São Paulo", comentou Bolsonaro, sobre ter condicionado sua filiação à saída do PL da base tucana.