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Atraso de sabatina acabou favorecendo Mendonça, diz relatora

Isabella Cavalcante

Colaboração para o UOL, em Brasília

01/12/2021 09h55

Eliziane Gama (Cidadania-MA), relatora da sabatina de André Mendonça que ocorre hoje no Senado, disse que o atraso de quase 100 dias para agendar o processo para julgar se o ex-ministro da Justiça pode ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal) irá favorecê-lo.

A indicação formal, feita pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), foi publicada no Diário Oficial da União em 13 de julho e agendada no sábado (27/11). "Acho que a demora da indicação abriu o cenário, favorecendo a ele [Mendonça]", falou Eliziane em conversa com jornalistas ao chegar ao Senado.

"Hoje, eu sinto de forma mais ampla que ele poderá ter aprovação aqui no Plenário", explicou. Além disso, Eliziane afirmou que Bolsonaro faltou com a ética e causou "polêmica desnecessária" pela forma como indicou Mendonça ao STF.

Antes de formalizar a indicação do ex-ministro da Justiça e ex-advogado geral da União, Bolsonaro prometeu apontar alguém "terrivelmente evangélico". Mendonça também é pastor.

Houve uma polemização do nome do André por uma questão religiosa, isso não deve ser elemento de escolha para um membro do STF. O presidente trouxe uma polêmica desnecessária [...] Não foi ético e depôs contra a indicação de André Mendonça".

Representatividade feminina

Em conversa com jornalistas, a senadora, que ganhou notoriedade ao participar da CPI da Covid, ressaltou que recentemente descobriu que será a primeira mulher a ser relatora de uma sabatina para vaga no STF.

"É uma grande responsabilidade e fico feliz, mas mostra o quanto precisamos avançar, aquilo que é corriqueiro para o homem não é para a mulher, tanto que é a primeira vez em que uma mulher vai relatar o indicado para o STF. Precisamos avançar muito mais", afirmou.

Mendonça chega com apoio

André Mendonça tem apoio declarado de pelo menos um terço do Senado, que analisa hoje a indicação para o cargo em sabatina na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Em levantamento feito pelo UOL, 29 parlamentares afirmaram que votarão a favor da nomeação do indicado do presidente Jair Bolsonaro (PL).

Para ser aprovado no plenário do Senado e nomeado ao Supremo, Mendonça precisará de 41 votos, maioria absoluta da Casa. O UOL procurou todos os parlamentares. Dos 80 senadores consultados (o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco, não participa da votação), outros 29 preferiram não antecipar o voto e 22 não responderam. Apenas um, o senador Jorge Kajuru (Podemos-GO), se declarou contrário.