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Federação e alianças deixam escolha para o Senado em 'último plano' em SP

Na eleição de outubro, cada unidade federativa irá renovar uma das três cadeiras ao Senado Imagem: Marcos Oliveira/Agência Senado

Nathan Lopes

Do UOL, em São Paulo

15/01/2022 04h00

Em meio a conversas sobre federação e alianças, os partidos políticos ainda não têm nomes confirmados para a disputa pela vaga no Senado na eleição em São Paulo.

Além de as tratativas por acordos ainda estarem no começo, outro fator que pesa para ainda não haver pré-candidatos ao Senado é que praticamente todas as agremiações estão mais preocupadas com a eleição para a Câmara dos Deputados, que será o principal foco de atenção e de investimentos. Assim, as conversas sobre Senado ficam relegadas à "última das preocupações", segundo os partidos ouvidos pelo UOL.

É o desempenho na disputa para a vaga na Câmara que definirá quanto dinheiro público e quanto tempo de televisão no horário eleitoral cada partido terá pelos próximos quatro anos. Em alguns casos, o resultado, inclusive, definirá se o grupo político terá acesso a esses "benefícios".

De forma mais simplista, estima-se que será necessário fazer uma bancada de ao menos 11 deputados para superar a cláusula de barreira (norma que impede ou restringe a participação do partido em CPIs, na Mesa Diretora e até na propaganda eleitoral na TV).

O que é federação?

A possibilidade de formar federações partidárias é uma novidade nas eleições de 2022. Esse mecanismo permite que os partidos se unam, de uma maneira parecida com o que ocorria com as coligações partidárias, somando tempo na propaganda eleitoral na TV e no rádio e se unindo na hora do cálculo do quociente eleitoral.

Uma das diferenças é que, agora, o grupo partidário não ficará limitado apenas à campanha eleitoral, como nas coligações. Os partidos que se unirem em uma federação deverão permanecer atuando em conjunto no mandato. No mínimo, uma federação deve durar quatro anos.

E as alianças devem ser as mesmas nas eleições nacionais (para a presidência e o Congresso) e regionais (governos estaduais e municipais, Assembleias Legislativas e Câmaras Municipais).

A deputada estadual Janaina Paschoal (PSL) quer disputar uma cadeira no Senado, mas ainda não tem partido definido Imagem: Fernando Moraes/UOL

Pré-candidatos, mas sem partido

Hoje, os nomes que aparecem na disputa pelo Senado são os dos deputados estaduais Heni Ozi Cukier (Novo) e Janaina Paschoal (PSL), que não têm partido definido ainda.

Cukier deve acompanhar os membros do MBL (Movimento Brasil Livre), que ainda não decidiram se permanecem no Patriota ou se mudam para ou o Podemos —destino mais provável. O MBL já acertou que será o palanque do presidenciável Sergio Moro (Podemos) em São Paulo.

Já Paschoal, que não ficará no União Brasil —resultado da fusão entre PSL e Democratas—, ainda não tem uma definição de partido, mas se cogita que ela entre no PRTB.

Primeiro, a federação

As discussões mais constantes sobre federação envolvem PT, PSB, PCdoB e PV. Nesse grupo, que tem sofrido alguns rachas, também não há nome certo para o Senado enquanto a união não for sacramentada.

O PV deve participar da federação tendo a presença do ex-governador paulista Geraldo Alckmin —espera-se que ele anuncie a filiação ao partido em breve.

Após o início da especulação sobre ser vice na chapa presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Alckmin ficou sem espaço para ser candidato a governador de São Paulo. O acerto com o petista agora é visto como única saída para ele participar da eleição de outubro.

O PCdoB, principal incentivador das federações, deve compor o grupo, mas sem indicar políticos para as chapas majoritárias federal e estadual em São Paulo. Já o PSB muito provavelmente ficará de fora da federação por não ver o PT disposto a abrir mão da candidatura de Fernando Haddad (PT) ao governo paulista em prol de Márcio França (PSB).

Outros partidos que mantêm conversas sobre federação são PSOL e Rede, mas integrantes de ambos têm mostrado certa resistência a uma união. Tanto PSOL quanto Rede ainda não falam em nomes para o Senado à espera de um cenário de alianças mais definido.

O ajuste para o Senado é importante, mas ele é secundário. É feito depois que se define a tática majoritária principal."
João Paulo Rillo, presidente do PSOL paulista e vereador em São José do Rio Preto (SP)

Com a federação, os partidos estabelecem um compromisso de quatro anos, devendo estar juntos, em todo o país, nesta e na próxima eleição, em 2024. Nas casas legislativas, eles deverão atuar como um partido único.

O Cidadania diz avaliar uma federação e fala que tem uma "discussão prioritária com o PSDB". "Já tivemos duas rodadas de conversas e elas prosseguem", diz o deputado federal Arnaldo Jardim, presidente estadual do partido. Uma definição deve ficar para fevereiro, na opinião de Jardim.

A aliança em torno do pré-candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia (PSDB) deve definir quem irá disputar o Senado Imagem: Governo do Estado de São Paulo

Quem indica na aliança?

O PSDB, que terá a candidatura do vice-governador Rodrigo Garcia para a sucessão de João Doria, está caminhando para um acerto com MDB e União Brasil. Nessa aliança, um dos partidos fica com a vice de Garcia e outro, com a vaga ao Senado. O MDB, inclusive, já tem dois nomes de prefeitos paulistas para indicar na composição de chapa ao governo.

O PSDB, porém, ainda deve avaliar se fará um acordo com os aliados para lançar um nome ao Senado e manter a cadeira, hoje ocupada pelo partido com José Aníbal, que substitui José Serra, em licença médica.

Partido de Bolsonaro

O PL, abrigo atual do presidente Jair Bolsonaro (PL), faz mistério sobre os planos até para os próprios filiados. Mas a tendência é que o partido não faça federação. Ainda não há certeza sobre a candidatura ao governo —que seria provavelmente do ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas—, muito menos sobre quem disputaria o Senado. Mas se espera que o PL participe sozinho da disputa.

Também próximo ao presidente, o PP deve acompanhar a candidatura do tucano Garcia ao governo paulista. O PTB, que tem apoiado Bolsonaro, não se manifestou ao UOL.

Agora sem candidato

O PSD, de Gilberto Kassab, era o partido que parecia mais perto de ter nomes definidos para a eleição de outubro. Mas, além de observar Alckmin, que seria seu candidato ao governo, ser atraído para a disputa nacional como provável vice de Lula, ficou sem seu postulante ao Senado.

O jornalista José Luiz Datena seria o candidato, mas nem chegou a concretizar sua filiação ao partido e ainda não anunciou seu novo destino.

Sem indicações

O PDT, do presidenciável Ciro Gomes, está focado em buscar um palanque para o pré-candidato em São Paulo, e ainda prefere não definir opções próprias para o governo nem o Senado caso fique isolado.

O Partido Novo disse que ainda não tem definição sobre candidatura para senador.

Entre os outros partidos que possuem representação na Câmara, Republicanos, Solidariedade, Avante e PROS também informaram que não pretendem ter postulantes ao Senado.

A tendência é que as definições só comecem a surgir a partir de março, quando ao menos as federações já deverão estar acertadas. Segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), os pedidos de formação de federação devem ser apresentados até 1º de março.

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