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MP vê favorecimento em compra de fuzis em que Flávio Bolsonaro atuou

Eduardo Militão e Igor Mello

Do UOL, em Brasília e no Rio

31/01/2022 18h32Atualizada em 31/01/2022 20h04

O subprocurador do Ministério Público que atua no TCU (Tribunal de Contas da União) Lucas Rocha Furtado viu "evidente" direcionamento na compra de 500 fuzis da empresa Sig Sauer pela Polícia Civil do Rio e Janeiro, conforme revelou hoje reportagem do UOL.

Ele disse que houve "atuação direta do senador armamentista Flávio Bolsonaro" (PL-RJ) na liberação de dinheiro do governo federal para isso. As afirmações estão em um pedido de investigação feito pelo procurador à presidente do TCU, ministra Ana Arraes, na tarde de hoje.

O procurador pede que sejam investigadas tanto a licitação quanto eventuais irregularidades na liberação dos recursos do Ministério da Justiça intermediada pelo senador. Lucas Furtado solicita que, caso os indícios sejam confirmados, a licitação e a compra das armas sejam anuladas.

Em nota ao UOL, Flávio Bolsonaro disse que não tinha conhecimento de suspeitas de irregularidades e defendeu apurações sobre o caso. A Sig Sauer, por meio de seu representante Marcelo Costa, não prestou esclarecimentos.

A Polícia Civil do Rio negou que haja irregularidade na licitação e falou que a atuação do policial está de acordo com as regras.

Já o Ministério da Justiça disse que a liberação do dinheiro ocorreu após a pasta analisar a compra dos fuzis em linha com as normas de transferência de recursos da União.

Conforme mostra a reportagem, um dos três policiais que elaboraram toda a parte técnica da licitação trabalha para a Sig Sauer. Especialistas disseram que a concorrência era "viciada".

No pedido, o procurador Lucas Furtado pede que o Tribunal apure "eventuais irregularidades na liberação de recursos pelo Ministério da Justiça para a aquisição de 500 fuzis pela Polícia Civil do Rio de Janeiro" com "a atuação direta do Senador armamentista Flávio Bolsonaro".

Caso confirmados os indícios ora trazidos ao conhecimento do Tribunal, que seja determinada a anulação da licitação."
Lucas Furtado, procurador do MP

Ele pede ainda que sejam apurados os "indícios de direcionamento de licitação e conflito de interesses na compra desse armamento".