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Acostumado a atritos, Bolsonaro diz ter hoje 'alinhamento' com o Congresso

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

26/04/2022 11h04Atualizada em 26/04/2022 15h30

O presidente Jair Bolsonaro (PL), pré-candidato à reeleição, sinalizou hoje que considera ter superado a fase de atritos com o Congresso Nacional e, em evento com prefeitos de todo o país, afirmou ter um "quase perfeito alinhamento" com deputados e senadores.

Temos um quase perfeito alinhamento. Não pode ser 100%, obviamente, com a Câmara e com o Senado. E, juntos, trabalhamos para o futuro do nosso país
Jair Bolsonaro

O governante não mencionou, por outro lado, o fato de que a agenda de reformas (em especial a tributária e a administrativa) está estacionada no Parlamento devido a divergências na interlocução entre as partes e circunstâncias políticas que inviabilizaram o consenso. Como 2022 é ano de eleição, a tendência é que elas não saiam do papel.

Na contramão da ideia de um "quase perfeito alinhamento" entre os Poderes, conforme Bolsonaro sugeriu hoje, o relacionamento foi objeto de críticas recentes dentro do governo federal. O ministro Paulo Guedes, por exemplo, culpou supostos "interesses" de senadores pelo fato de a reforma tributária não ter avançado.

Guedes disse entender que houve "pouca inteligência" dos parlamentares aliados a Bolsonaro. "A proposta foi bloqueada no Senado por interesses. Amigos nossos em um ato, que eu achei de pouca inteligência, bloquearam a reforma no Senado. Achei de pouca inteligência porque nós tributávamos muito moderadamente lucros e dividendos. Só 15% quando o mundo inteiro é 30%", disse em participação no congresso da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), em março deste ano.

Bolsonaro também ressaltou hoje que "muitas coisas" foram aprovadas em conjunto com o Parlamento nos últimos anos e que há, de acordo com o seu entendimento, divergências em "poucas coisas".

"Muitas coisas... Aprovamos, debatemos. Poucas coisas, divergimos. Mas isso é natural e normal na política", declarou ele em evento conhecido como "Marcha dos Prefeitos", em Brasília, nesta manhã.

Desde que assumiu o posto de presidente, em janeiro de 2019, Bolsonaro se acostumou a protagonizar embates com o Parlamento, com críticas de parte a parte e dificuldades de articulação. Apesar da relação conflituosa, houve momentos de convergência como a aprovação da reforma da Previdência, em 2019.

Depois de se unir ao centrão —bloco informal composto por partidos que remam de acordo com a maré política—, em 2020, o chefe do Executivo federal passou a ter mais espaço para diálogo no Congresso Nacional.

Durante a pandemia, o relacionamento ainda melhorou em razão da liberação de verbas destinadas a investimentos em estados e municípios (bases eleitorais) e tornou-se sólido com as vitórias de Arthur Lira (PP-AL) e Rodrigo Pacheco (PSD-MG) para o comando da Câmara e do Senado, respectivamente.

Bolsonaro disse hoje ainda que o Brasil estaria "muito melhor" do que a situação referente a janeiro de 2019 (mês em que tomou posse), segundo as suas perspectivas, caso não tivesse sido obrigado a lidar com a pandemia do coronavírus.

"Como um todo, o Brasil vai indo bem. Imagine se nós não tivéssemos pandemia... Como o Brasil estaria hoje, muito, mas muito melhor do que aquele que recebemos no início de 2019", comentou ele.