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No cercadinho, Bolsonaro liga para ministro e pede mil vagas para PF e PRF

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, em Brasília

02/05/2022 15h59Atualizada em 02/05/2022 18h43

Sob pressão de categorias do funcionalismo público para conceder reajustes salariais, o presidente Jair Bolsonaro (PL), que é pré-candidato à reeleição, tentou atender hoje a demanda apresentada por apoiadores que disseram ter participado dos concursos da Polícia Federal e da PRF (Polícia Rodoviária Federal).

No cercadinho do Palácio da Alvorada, em Brasília, o governante chegou a ligar para o ministro Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública) e pedir um aumento no número de vagas que serão pleiteadas pela pasta ao Ministério da Economia —se aprovadas, há a convocação dos elegíveis.

Durante a conversa com Torres, Bolsonaro ouviu do ministro que a situação orçamentária permitiria a convocação de 535 agentes para cada força. Sensibilizado pelos apoiadores, o presidente perguntou então se seria possível uma ampliação.

Se você pedir mil para cada força, dá para resolver? Então, faz um aditivo aí e pede mil vagas para cada lado
Jair Bolsonaro (PL)

PF e PRF fizeram concursos no ano passado com 1.500 vagas cada. Desde o começo do ano, o governo tem mantido conversas com o Ministério da Economia a fim de tentar liberar a convocação de aprovados e excedentes sem que a chefia do Executivo seja enquadrada nos limites da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal).

No mês passado, Bolsonaro anunciou que, após cálculos feitos pelas pastas envolvidas, seria possível abrir espaço para mais 1.000 vagas (500 para cada instituição).

Com o movimento feito hoje no cercadinho do Palácio da Alvorada, portanto, a Presidência dobraria o número que já havia sido combinado com o Ministério da Economia —isto é, 1.000 vagas a mais.

Para que a demanda seja atendida, no entanto, é necessário o aval da pasta chefiada por Paulo Guedes.

Bolsonaro tem sofrido pressão e sido criticado por várias categorias do serviço público, incluindo as forças policiais e de segurança pública (que compõem parte relevante do seu eleitorado), em razão de promessas não cumpridas de concessão de reajustes salariais.

O presidente havia expressado o interesse em favorecer os agentes da PF, da PRF e do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) com uma recomposição mais ampla e tratamento diferenciado em relação a outras categorias. No entanto, diante da pressão contra o governo e de promessas de paralisação, o Executivo recuou e hoje trabalha com a possibilidade de conceder um aumento linear de 5% para todos os servidores —ou seja, sem privilégios.

A sinalização feita por Bolsonaro aprofundou a briga com sindicatos e associações de classe da PF. Entidades que representam delegados, peritos, policiais e servidores da instituição divulgaram uma nota conjunta na última sexta-feira (29). "Os policiais federais não receberão esse duro golpe calados", diz o texto.

No mesmo dia, Bolsonaro buscou se defender das críticas, pediu sugestões para resolver o problema e afirmou que "o reajuste de 5% desagrada a todo mundo". "Como vai se comportar a Polícia Federal? Vai dizer que é contra? Entrar em greve? Peço a todos que estão me ouvindo: se coloquem no meu lugar, apresentem alternativas."