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Estudo descarta benefícios de suplementos para bebês desnutridos

De Washington

18/09/2012 19h22

Bebês e crianças pequenas com risco de desnutrição não tiveram grandes benefícios com a ingestão de suplementos alimentares especiais que foram oferecidos com a refeição tradicional, revelou um novo estudo nesta terça-feira (18).

Grupos humanitários costumam fornecer alimentos básicos, como grãos e feijões, para ajudar as famílias que enfrentam falta de comida. Mas alguns grupos questionam se suplementos poderiam ajudar as crianças a evitar a desnutrição. 

Estes "suplementos alimentares prontos para o consumo", frequentemente apresentados com uma base de pasta de amendoim, já são usados como um recurso extra de calorias, gorduras e nutrientes para ajudar na recuperação de crianças desnutridas. Mas uma nova pesquisa indica que os suplementos alimentares, fornecidos preventivamente em maior escala, podem não ter o efeito esperado.

No Chade, onde as secas sazonais anuais causam um "abismo de fome" de quatro meses entre os períodos de colheita, cientistas monitoraram mil bebês e crianças pequenas entre seis meses e três anos de idade.

A metade das famílias recebeu uma quantidade padrão de comida e a outra metade, a mesma refeição com uma dose diária adicional de suplementos alimentares especiais para as crianças afetadas (cerca de três colheres de sopa).

Ao fim de quatro meses, apesar do suplemento extra, "8,6% [das crianças] dos dois grupos estavam desnutridas" ou com níveis de peso e altura mais baixos dos mínimos desejados, explicou Lieven Huybregts, chefe das pesquisas divulgadas no períodico PLoS Medicine. "Tivemos que tratá-las em um programa fora do estudo", disse o cientista da Universidade de Ghent.

As crianças que tomaram os suplementos cresceram um pouco mais, tiveram melhores níveis de hemoglobina - o que significou um risco menor de anemia - e tiveram taxas mais baixas de febre e diarreia.

Estes benefícios puderam ser vinculados às vitaminas e aos minerais contidos nos suplementos, sugeriu Huybregts, ressaltando que não está claro o porquê de os suplementos não ajudaram as crianças a ganhar peso. Segundo o pesquisador, os cientistas estão analisando os dados "para ver se as crianças realmente ingeriram o suplemento e em que padrões".

Por enquanto, afirmou ele, os dados sugerem que a distribuição generalizada de suplementos alimentares, que são mais caros do que as refeições alimentares tradicionais, pode não ser uma solução com boa relação custo-benefício para os desnutridos nestas regiões afetadas pela fome.