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Banco Mundial: combate ao ebola é também contra a desigualdade

Em Washington

01/10/2014 17h23

O combate ao ebola é também uma luta contra a desigualdade entre ricos e pobres, que têm pouco acesso à saúde, avaliou nesta quarta-feira o presidente do Banco Mundial (BM), Jim Yong Kim.

"A batalha contra a infecção é um combate em várias frentes, incluindo a luta por vidas humanas e pela saúde. Mas também é uma luta contra a desigualdade", disse Kim em um discurso em Washington.

A resposta da comunidade internacional ao surto da doença, que se propaga rapidamente no oeste da África, "foi insuficiente", ressaltou Kim, especialista em doenças infecciosas, durante uma apresentação ma Universidade de Howard.

"Existe conhecimento e infraestrutura para tratar a doença e conter o ebola nos países com renda alta e média", ressaltou Kim. "Mas, por muitos anos, falhamos em torná-los acessíveis às pessoas de baixa renda na Guiné, na Libéria e em Serra Leoa", declarou o presidente do BM, referindo-se aos países mais afetados pelo surto desta febre hemorrágica.

"Agora, milhares de pessoas nesses países estão morrendo porque, na loteria da existência, elas nasceram no lugar errado", completou.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), desde o início do ano, a epidemia de ebola deixou mais de 3.000 mortos no oeste da África.

"Tem sido doloroso ver as pessoas reproduzindo velhos erros cometidos com epidemias anteriores", continuou Kim, comparando a batalha contra o ebola com a luta contra o HIV/Aids.

"Quando o HIV chegou à África na virada do século, infectando cerca de 24 milhões de pessoas, alguns especialistas acreditavam que dar um tratamento efetivo às comunidades pobres seria muito difícil e custaria caro", lembrou.

"Na luta contra o ebola, a infraestrutura de que precisamos não é complicada de construir e temos protocolos para limitar a propagação do vírus", disse o representante do BM, afirmando que os custos da inação podem chegar a "dezenas de milhões de dólares".

O Banco Mundial já anunciou recursos de 400 milhões de dólares em assistência aos três países africanos.

"Se não conseguirmos conter o ebola, a infecção vai se propagar para outros países e outros continentes", afirmou Kim, depois de o primeiro caso da doença ter sido identificado nos Estados Unidos. Além do caso confirmado, autoridades do Texas comunicaram nesta quarta-feira que investigam um potencial segundo caso de ebola em uma pessoa que esteve em contato próximo com um homem diagnosticado com o vírus.