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OMS declara o fim da epidemia de ebola na Nigéria

Em Luxemburgo

20/10/2014 10h27

A Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou nesta segunda-feira oficialmente a Nigéria livre de ebola, no momento em que os europeus desejam reforçar sua resposta à epidemia por meio da repatriação de emergência de trabalhadores humanitários.

Após os 42 dias necessários - dois períodos de incubação -, sem nenhum novo caso de contágio confirmado, a Nigéria se viu livre da doença, algo considerado "um êxito espetacular que mostra ao mundo que o ebola pode ser contido", segundo o representante da OMS em Abuja, Rui Gama Vaz.

A reação muito rápida das autoridades e a mobilização de equipes encarregadas de observar toda pessoa que esteve em contato com doentes foram fundamentais para parar o canal de contaminação no país. Vinte casos no total foram registrados, entre eles oito mortos, em uma população de 170 milhões de pessoas.

Paralelamente, na Espanha, a enfermeira infectada em um hospital de Madri parece estar curado. Um primeiro teste, cujos resultados devem ser confirmados nesta segunda-feira, indicava no domingo que Teresa Romero, primeira pessoa a ter contraído a doença fora da África, não tinha mais o vírus.

Enquanto o ebola já fez mais de 4.500 mortos, segundo a OMS, a presidente da Libéria, Ellen Johnson Sirleaf, exortou no domingo "o mundo inteiro a participar da luta contra esta doença que não conhece fronteiras".

Ela pediu por um "engajamento de cada nação (...) com fundos de emergência, produtos médicos e sanitárias ou especialistas".

É um "grave problema que não podemos subestimar. Não é um problema que se limitará a uma parte do globo", ressaltou nesta segunda-feira a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, em sua chegada a uma reunião de ministros das Relações Exteriores da UE em Luxemburgo.

As ONGs cobram um dispositivo que garanta o repatriamento para a Europa em 48 horas de seus funcionários contaminados. Sem esta medida, será difícil encontrar voluntários dispostos a partir para tratar de pacientes altamente contagiosos em condições extremas.



'Plataforma europeia'

"Este é um grande desafio para deter a progressão da doença no terreno", ressaltou um diplomata europeu.

Os ministros devem concordar com um sistema de repatriação conjunta, tanto por aviões privados de uma empresa americana especializada fretados pela Comissão Europeia, quanto por aeronaves civis ou militares, independentemente da nacionalidade do agente humanitário doente.

"Esta é uma grande crise sanitária. Não nos resta muito tempo para reagir e evitar a sua propagação fora de controle", alertou o britânico Philip Hammond. Ele reiterou o apelo para aumentar a um bilhão de euros a ajuda da União Europeia, que hoje está em cerca de 500 milhões, dos quais 180 fornecidos pela Comissão.

O ministro alemão Frank-Walter Steinmeier pediu a criação de uma "plataforma europeia" para que os países que não têm os recursos para desenvolver sua própria missão possam contribuir com ambulâncias especializadas, laboratórios ou leitos.

No entanto, está fora de questão enviar, sob a égide da União Europeia, militares aos países afetados, como exige a ONG Oxfam. Os Estados Unidos vão implantar 3.000 soldados na Libéria e a Grã-Bretanha 750 em Serra Leoa. A França preferiu enviar uma resposta civil à Guiné, onde está construindo um centro de tratamento na floresta equatorial.

Quinta e sexta-feira, os chefes de Estado e de Governo europeus devem discutir em Bruxelas um tema quente: evitar a propagação de vírus em solo europeu.

Depois da França e Reino Unido, foi a vez da Bélgica introduzir controles em seus aeroportos para passageiros provenientes dos países afetados pelo vírus ebola.

A temperatura dos 200 passageiros do voo da Brussels Airlines vindo de Conakry via Freetown foi verificada na chegada ao aeroporto de Bruxelas-Zaventem em torno das 4h15, explicou o porta-voz do aeroporto, Florence Muls.

"Tudo correu muito bem", comentou, acrescentando que nenhum caso suspeito foi detectado.

Nos Estados Unidos, onde os controles de temperatura também foram implementados em alguns aeroportos, o presidente Barack Obama pediu no sábado que as pessoas "não cedam à histeria.".