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Juiz autoriza enfermeira a sair de casa e visitar locais públicos nos EUA

A enfermeira Kaci Hickox, que prometeu desafiar a quarentena voluntária para os profissionais de saúde que trataram pacientes com ebola, deixou sua casa em Fort Kent, no Maine, para fazer um passeio de bicicleta  - Robert F. Bukaty/AP
A enfermeira Kaci Hickox, que prometeu desafiar a quarentena voluntária para os profissionais de saúde que trataram pacientes com ebola, deixou sua casa em Fort Kent, no Maine, para fazer um passeio de bicicleta Imagem: Robert F. Bukaty/AP

31/10/2014 19h48

Um juiz americano autorizou, nesta sexta-feira (31), a enfermeira americana Kaci Hickox, que tinha sido obrigada a cumprir quarentena após cuidar de doentes com ebola na África, a sair de casa e visitar locais públicos, assegurando que ela não está infectada.

A decisão do juiz distrital do estado do Maine (nordeste) é a última reviravolta de uma intensa disputa sobre a quarentena forçada, imposta a médicos americanos que retornam ao país após trabalhar na África ocidental.


O juiz reverteu temporariamente uma ordem que impedia a enfermeira de frequentar cinemas e shoppings, e exigia que ela se mantivesse a um metro de outras pessoas ao sair para caminhar ou correr, enquanto o caso é analisado.

A enfermeira, que insiste em dizer que está saudável e critica os esforços das autoridades para mantê-la isolada, saiu para andar de bicicleta, desafiando a ordem de permanecer em quarentena por 21 dias, período máximo de incubação do vírus.

O Maine recorreu à Justiça para forçar a enfermeira a ficar em casa, depois que ela e o namorado deixaram sua residência na cidade de Fort Kent, na quinta-feira, para andar de bicicleta, acompanhados pelas câmeras de televisão.

O estado não conseguiu "demonstrar com provas claras e convincentes que a restrição dos movimentos dos demandados (...) é necessária para proteger outros indivíduos", escreveu o juiz Charles LaVerdiere na sentença.

Hickox deve continuar sendo monitorada regulamente, reportar suas viagens às autoridades de saúde e notificar imediatamente caso apresente qualquer sintoma do vírus mortal, indicou o juiz.

LaVadiere também pediu a Hickox para "demonstrar sua compreensão da natureza humana e o temor real" que existe com o vírus, que infectou nove americanos.

A Casa Branca e funcionários da saúde pública criticaram as medidas tomadas por alguns estados do país, que colocam em quarentena todo o pessoal médico que volta de países afetados pelo Ebola no oeste da África, onde os mortos beiram os 5.000, segundo cifras oficiais.

O governador de Nova Jersey (nordeste), Chris Christie, manteve Hickox isolada em uma barraca de campanha por três dias após seu retorno de Serra Leoa, antes de deixá-la sair, na segunda-feira, após seu exame dar negativo para Ebola.

Ela foi enviada para o Maine, que impõe uma quarentena própria.

"Não estou disposta a ficar aqui e deixar que meus direitos civis sejam violados, quando não há uma base científica" para tal, disse a enfermeira a jornalistas na quarta-feira, em frente à sua casa.