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Por que este vilarejo na Itália tem muitos moradores centenários?

Vilarejo de Acciaroli chamou a atenção de cientistas pela longevidade dos habitantes - Getty Images/iStockphoto
Vilarejo de Acciaroli chamou a atenção de cientistas pela longevidade dos habitantes Imagem: Getty Images/iStockphoto

05/09/2016 16h37

Um vilarejo em uma região próxima a Salerno, no sul da Itália, atraiu a atenção de cientistas pela quantidade anormal de moradores com mais de 100 anos de idade. Para descobrir a razão que faz este local ter tantos centenários, pesquisadores passaram a investigar os habitantes. E a descoberta da longevidade está ligada ao sangue. 

Com 81 centenários contabilizados no início de setembro, de um total de 700 habitantes, o povoado de Acciaroli intrigou particularmente cientistas norte-americanos, que passaram vários meses na região de Cilento, encravada entre o mar e a montanha ao sul de Salerno, em Campania, para descobrir o segredo desta longevidade excepcional.

Pesquisadores da Universidade de San Diego, Califórnia (Estados Unidos), ajudados por seus colegas da Universidade La Sapienza de Roma, chegaram durante a primavera (do hemisfério norte) passada para estudar o mistério dos moradores locais que desafiam a morte, e nesta segunda-feira divulgaram os primeiros resultados deste estudo.

"Sangue bom"

A propensão destes centenários a quase nunca sofrer de doenças cardíacas ou cognitivas, como o mal de Alzheimer, se explicaria pelo fato de que um marcador biológico, estranhamente, está pouco presente em seus organismos. Trata-se de um vasodilatador chamado adrenomedulina, afirmaram em um comunicado os pesquisadores norte-americanos e italianos.

Este marcador sanguíneo está presente "de maneira muito menor nos sujeitos estudados, e parece agir como um poderoso fator de proteção, favorecendo um desenvolvimento ótimo da microcirculação", ou seja, a circulação sanguínea capilar, segundo o texto.

O estudo também revelou "metabolitos (pequenas moléculas) presentes em seu organismo, que poderiam influenciar positivamente na longevidade e no bem-estar dos centenários de Cilento", acrescenta o comunicado, sem especificar qual molécula.

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Os cientistas decidiram estender este estudo piloto e desenvolver sua investigação, o que também incluirá uma campanha de arrecadação de fundos para atingir seu objetivo.

Dieta, genes, exercícios e sexo

Além de avançadas análises sanguíneas (DNA, metabolismo, etc), os pesquisadores realizaram controles cardíacos e neurológicos, explicou à AFP Alan S. Maisel, professor de medicina cardiovascular na universidade de San Diego.

Os pesquisadores se interessaram muito na alimentação destas pessoas, a famosa dieta mediterrânea à base de azeite de oliva (que eles mesmos produzem), mas também na genética. Os centenários podem ter um gene que consegue extrair as propriedades benéficas de certos produtos consumidos regularmente, "como o alecrim, que melhora as capacidades do cérebro", disse o professor Maisel.

Entre as 80 pessoas idosas que participaram do estudo, 25 das quais eram centenárias, nenhuma sofria do mal de Alzheimer.

Todas praticavam uma atividade física diariamente, como a pesca, a manutenção de seu jardim ou uma caminhada, neste povoado de ruas íngremes. "Muitas destas pessoas aparentemente mantêm uma atividade sexual", revelou o pesquisador.