Pesquisadores corrigem genes defeituosos em embriões humanos pela primeira vez
Genes portadores de uma doença cardíaca hereditária foram modificados, com sucesso, em embriões humanos pela primeira vez graças a uma técnica revolucionária de edição genética. A novidade foi detalhada em um estudo publicado nesta quarta-feira (2) na revista Nature, mas já havia sido anunciada pelos pesquisadores na semana passada.
Esta pesquisa, que ainda está em fase preliminar, abre, potencialmente, o caminho para grandes avanços no tratamento das doenças genéticas.
No entanto, levanta questões éticas, uma vez que esta técnica poderia, teoricamente, ser usada para produzir bebês geneticamente modificados a fim de escolher a cor do cabelo ou aumentar a sua força física.
O estudo foi realizado na Universidade de Saúde e Ciência de Oregon (OHSU), nos Estados Unidos, por cientistas americanos, chineses e sul-coreanos. A técnica utilizada foi a CRISPR-Cas9, grande descoberta divulgada em 2012.
A equipe de pesquisadores utilizou esta ferramenta revolucionária para corrigir, em embriões humanos, o gene portador da cardiomiopatia hipertrófica. Esta doença cardíaca hereditária pode provocar morte súbita, especialmente durante a prática de esportes.
A pesquisa com embriões humanos conta com uma regulação estrita, e não se tratava de implantar os utilizados no estudo no útero de uma mulher para dar início a uma gravidez. Por isso, os cientistas só deixaram eles se desenvolveram por alguns dias.
Este método, que requer mais pesquisas, "pode potencialmente servir para prevenir a transmissão de doenças genéticas às futuras gerações", comentou durante uma teleconferência de imprensa uma das autoras do estudo, Paula Amato.
Mas esta perspectiva ainda está longe. "Antes dos ensaios clínicos, serão necessários pesquisas suplementares e um debate ético", detalhou Amato.
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