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Menino vence pavor de comer após tratamento com natação

07/01/2013 08h52

Kevin Harrison viveu os piores dias de sua vida ao ver seu filho Daniel definhando, com pavor de alimentos e bebidas.

Acredita-se que Daniel, hoje com seis anos, tenha desenvolvido a incomum fobia por sofrer de refluxo gástrico, que lhe causava dor no peito e náuseas.

Quando era bebê, a ingestão de leite materno neutralizava a acidez no esôfago, mas o problema se tornou sério quando ele começou a ingerir alimentos sólidos.

"Por uma semana, mais ou menos, ele comeu purê e um pouco de arroz. Mas depois que ele começou a vomitar, o tempo todo se recusava a comer ou beber", disse Kevin Harrison.

Ele acredita que o filho, que também sofre de autismo, provavelmente tinha consciência de que beber e comer estavam fazendo mal para ele, mas não conseguia explicar isso para os pais. Daniel então ficava histérico e feria a si mesmo.

A solução encontrada foi começar a alimentá-lo por tubos inseridos no estômago.


Interesse da TV

Mas a situação de Daniel começou a melhorar há dois anos, depois que a família do garoto arrecadou cerca de 25 mil libras (aproximadamente R$ 75 mil) para que ele pudesse fazer um tratamento em uma clínica especializada na cidade de Graz, no sudeste da Áustria.

Depois de uma primeira passagem pela clínica, Daniel passou a tolerar alimentação líquida via oral.

Só isso já foi considerada uma grande evolução, e Kevin Harrison quis que seu filho voltasse à Áustria para continuar.

O tratamento, desenvolvido com o objetivo de incentivar Daniel a aceitar líquidos e alimentos sólidos, é uma mistura de fisioterapia, terapia ocupacional, piqueniques de brincadeira e natação - para que o menino se acostume com água no rosto e na boca.

Um único erro poderia colocar por água abaixo todo o tratamento e levar tudo à estaca zero.

O sistema público de saúde britânico aceitou pagar seis mil libras (cerca de R$ 18 mil) pela continuidade do tratamento. Sua família, porém, ficou encarregada de pagar os voos e a hospedagem.

Colheres

 

  • Daniel Harrison teve que ser alimentado por tubos inseridos no estômago


No primeiro dia de volta a Graz, no passado 13 de agosto, a família Harrison foi filmada por uma equipe de televisão alemã, tal o interesse internacional pela história de Daniel.

Os médicos já haviam percebido que o menino não tinha apenas medo de comida, mas também de colheres.

Contudo, na frente das câmeras de TV, ocorreu um pequeno "milagre".

A terapeuta de Daniel, Eva Kirschnick, ficou fazendo cócegas no menino com uma colher. "Ela então começou a alimentar ele com leite misturado com mingau de arroz, e ele comeu um pouco", contou Kevin Harrison.

"Depois, ela ofereceu a Daniel um pirulito de chocolate, e ele mordeu e arrancou um pedaço. Em quase seis anos de vida, essa foi a primeira vez que ele mordeu alguma coisa."

"Nós não conseguimos acreditar no que estávamos vendo, não havia mais gritos, ele machucando a si mesmo, fazendo escândalo. Nós choramos de emoção."

Kirschnick, descrita como um "gênio" por Kevin Harrison, virou madrinha de Daniel e até visitou a família, que vive na cidade de Nottingham, na Inglaterra.

Daniel continua evoluindo e agora come comidas pastosas com pedaços sólidos e bebe líquidos com uma xícara.

"Eu quero conscientizar as pessoas e ajudar as famílias na mesma situação", disse Kevin Harrison. "Nós não tínhamos ninguém e nos sentíamos sozinhos, já que o problema (de Daniel) é raro. Mas as coisas estão melhores agora."